Os melhores escapes serão sempre os mais velozes

Céu aberto assusta desavisado. Li essa beiteira dia desses enquanto voltava caminhando pra casa. Assim, li mais ou menos, porque não era exatamente isso que estava escrito. Dislexia de leitor compulsivo. Eu finjo que li corretamente e a vida dá seu jeito de fazer com que as coisas se encaixem.

Desavisado é assustado por céu aberto. Troquei a ordem só pra reafirmar o erro, pra ter certeza que a minha cabeça interpretaria a frase direitinho. Pior é que nem era dia de sol, e tava longe chover. O teto do meu mundo era pura falta de graça, com aquele azul preguiçoso de quem não aperta o giz pra colorir.

Parado, bem centro, com umas cinco ou seis pessoas me olhando, percebi que já tinha pensado demais. A cara de bobo e um olhar meio tosco e inclinado pra cima foram a deixa perfeita pra uma pergunta que não esperou resposta:

Será que chove?

Não choveu, mas a galera correu assim mesmo. Acho que é porque em céu aberto entra mosquito. Ou, sei lá, qualquer dessas coisas que a gente ouve por aí.

Troquei o ônibus pelo metrô, porque os melhores escapes serão sempre os mais velozes. Esse mundo tá cheio de gente doida. Ou talvez seja eu o desavisado. O céu aberto me assustou. No final, só precisava fugir do tempo nublado.