Guardado

Oito meses depois, voltei naquela praça, sem muito sentir. Sentei novamente naquele velho banco quebrado, em frente ao coreto. Sem saber muito em qual lembrança me ater primeiro. Senti cheiros que me remetiam a você.

Não entendi muito bem porque meu coração não saltou e nem meu olhar pesou. Eu não senti saudades.

Foi um tempo em que eu queria sentir arrepios, calor no peito ou raiva e desprezo. Mas eu estava vazia de mim e mesmo que em sua companhia, eu estava sozinha.

Lembro bem das poesias que você recitava, afim de me fazer apaixonar. Lembro também das dezenas de músicas que você costumava cantar. Lembro de como eu fugia de momentos assim. Escapava e mergulhava em meus pensamentos a ponto de me desligar do mundo exterior. Não lembro de estar feliz. Mas lembro do sorriso forçado, da fala insegura e das inúmeras fugas.

Lembro do banco da praça, preenchido com nossos corpos. Lembro da distância entre nós, mesmo que tão próximos fisicamente. Lembro sem entender porque lembro.