Monólogo

O diálogo era bem confuso. As palavras saiam meio que desesperadas. Eu o ouvia paciente procurando alguma beleza na sua fala.

Os pés dele não paravam e as mãos batiam contra a perna, em ritmo. O seu olhar era profundo e o seu sorriso estranho acompanhava cada palavra.

Eu vi, ele estava preso no passado.

Sua fala era nostálgica. Lembrava e contava repetidamente sobre a época da sua juventude em que parecia feliz. Falava com paixão das músicas que tocava e em meio a fala, engolido as palavras, ele cantava. E logo voltava para seu diálogo confuso.

Ele estava preso ao passado.

Contava sobre, afim de ser ouvido. Não permitia participações na conversa. Era um monólogo sobre o seu passado. Ele perguntava e se respondia. Repetia as palavras e logo fazia uma pausa. Pausa que era longa para quem assistia o desenrolar da cena. Pausa que pertubava, mas que logo era engolida pelo despejar das palavras desesperadas. O silêncio parecia buscar sentido e a volta das palavras era para esquecer de procura-lo

Voltava a fala de quem estava preso no passado. Sem sentir o presente e por desconhecer a possibilidade do futuro.

Ele estava preso e era nítido que era contra a vontade.