HORA DE MUDAR

Um contador de histórias ficaria sem assunto se não fosse o inesperado de nem tão raras ocasiões. Seguidamente, nos deparamos com situações que fogem dos padrões, razão pela qual, para um bom observador, não é difícil escrever.

Em abril, completarei oito anos ininterruptos escrevendo uma coluna semanal no jornal Tribuna do Pampa, com sede em Candiota-RS, que circula neste município, Hulha Negra, Pinheiro Machado, Piratini e Pedras Altas. Ressaltando o autor, uma foto anexa à coluna fica por lá alguns anos. Em oito anos, estou na terceira, mas precisando mudar de novo, que o tempo tem feito os cabelos ficarem mais brancos (o resto está quase igual). Alguns não pensam assim.

Dia desses, numa padaria, em Hulha Negra, encontrei um conhecido que não via há muitos anos, talvez mais de uma década, e nem era um indivíduo próximo, talvez tenhamos conversado rapidamente raras vezes. Estava sentado na área de alimentação. Observando que eu não o havia reconhecido, talvez tenha achado estranho que eu não tivesse dado a ele a atenção que normalmente dou as pessoas que conheço.

Puxou assunto e falou comigo como se eu fosse o meu irmão, que dizem ser parecido, apesar de cinco anos mais jovem. Observei que estava enganado e me identifiquei.

Não sei se por acaso ou com certa perspicácia, resolveu sutilmente me fazer crer que eu também já não era mais aquele, uma década depois.

- Ah! Sim, atualmente escreves a coluna no jornal?

- Sim, respondi.

- Estás irreconhecível.