"É pau é pedra é o fim do caminho"!

- Não é possível!? Ah tanto tempo não vejo o que sinto...

- Meu caro amigo; tua cegueira é a melhor das artes do espírito!

- Deveras... No final somos todos pedra!

- Cegueira não é arte para ser usada dessa forma!

- Pedra que digo é para mostrar que podemos construir um além-fim, longe do torpor da próspera areia, sempre dada, fútil, a qual todos pisoteiam; a pedra é inexpugnável, indômita, ninguém a pisa, nem lhe faz mera diversão de final de semana...!

- Não se esqueça que é através da pedra que se faz a areia... todos precisamos de ser areia, pois após a pedra viva a areia!

- Vejo que não sou eu o único cego... Tu já estás tão sóbrio de areia! - Não vês que a pedra é o vestígio do passado, traz todas as artes rupestres, aquilo que é impalpável; a pedra inspira o inesperado, cria o desconhecido e o forja à cor do ouro! Somente aqueles que são pedra conseguem viver em tempos de areia!

- Sou cego mas não de nascença, como tu, ó monge esquálido de toda prosperidade! Tu preferes a miséria e rudeza pétreas, do que a afável e singela prosperidade da areia? Vamos correr diante da areia, sentindo o tecido da liberdade.

- Tu estás não apenas tão cego, mas como também insapiente! Liberdade? Que palavra cega é essa? Ao menos minha pedra não é tão pontiaguda como a tua la liberté... Não venhas colocar paraíso em tuas obscuras sensações!

- É pau, é pedra é o fim do caminho...

Celso Júnior
Enviado por Celso Júnior em 28/12/2018
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