TEMPOS MODERNOS

Bons tempos passaram levando inúmeras práticas, costumes e sabedorias que eram parte indispensável de nossa cultura e reduto da boa convivência entre as pessoas, e que, por razões deseducativas, se foram no tempo e não mais voltaram.

Lembro da minha primeira professora que usava alguns métodos, bem práticos, para ensinar seus alunos o sociável hábito de se pedir licença, fazendo-os conhecer na prática uma das regras de se educar urbana e civilizadamente. Dentre suas técnicas pedagógicas a professora mantinha sobre a sua mesa um quadrilátero de madeira onde estava escrito a palavra licença. O mais importante é que, todos os dias, ela erguia o braço e mostrava aquele pedaço de madeira para seus alunos, e calmamente lhes dizia:

- Ninguém deve sair da sala sem a minha licença.

Qualquer aluno que precisasse se ausentar chegava perto da professora e delicadamente falava:

- Professora, por favor, a senhora me dá sua licença?

A resposta seria sim ou não. Tudo dependia da forma como o aluno se dirigia na solicitação e só depois de estar devidamente autorizado, e com a licença em mãos, é que o aprendiz podia sair.

Sempre achei que aquele estilo de ensinamento era de muito bom proveito, pois a partir de então nunca mais se esqueceria o valor da licença. Mas hoje, com o chamado “tempos modernos” que é muito desgracioso, sem estilo e sem brilho; não vemos acontecer atos e nem fatos de suma importância como fora ensinado nos chamados tempos antigos, aonde a educação juvenil era construída pacífica e delicadamente em prol de uma sociedade futura com mais proveito, convicção e elegância.

No presente tempo é raro, ou mesmo raríssimo, a gente ver um jovem chamar alguém de senhor ou de senhora; de agradecer com estilo e cortesia por um favor recebido; de se desculpar quando necessário, ou mesmo, dizer o simples “muito obrigado” quando for preciso.

Ontem, por exemplo, deixei uma grávida se sentar no meu lugar dentro de um vagão de metrô e ela sequer me agradeceu. Creio que a mesma não passava de ter vinte anos de idade e já distribuía escandalosamente a sua falta de mútuo respeito e consideração a esse gentil idoso que lhe cedeu o lugar. Rogo para que aquele nascituro que estava alojado em seu ventre, não saia dali herdando os maus costumes da sua mãe.

Naquele instante eu me lembrei da minha professora Tereza, que me foi muito útil com seus ensinamentos - parecidos rudes - de forma prática e eficiente, os quais se estendiam desde como se pentear e se vestir corretamente, indo até a não soar o nariz em público; de como se comportar dentro de uma igreja, indo até como se permanecer na mesa para as refeições; de como respeitar os idosos, indo até proteger uma criança. Hoje isso seria um absurdo para alguns pais que provavelmente acionaria a justiça contra qualquer professor que queira ministrar essas condutas, pois os tempos são modernos.

Prefiro os tempos de lá, aos de cá.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 28/12/2018
Reeditado em 07/01/2019
Código do texto: T6537590
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