Poema do Beco

Sem dúvida todos admiramos as grandes belezas, o mar, as cachoeiras, as serras, bosques, palácios, pinturas, esculturas, avenidas..., tanto as belezas da natureza quanto as feitas pelos humanos. Acho que isso é uma unanimidade.

Pero (gostou Dom Aragón?) amirar a beleza e até perder o fôlego com as grandes belezas da natureza, não significa um sentimnto telúrico, amor, ternura, aquela tal fidelidade que tempos ao nosso mundinho, lugarzinho, ruazinha acanhada, casianha velha e humilde que tem um quadrinho com a apalavra este eeé um lar, nossa cidadeznha natal, nosso pequeno Miraí. Talvez rever esse lugarzinho acanhado provoque mais êxtase do que contemplar as grande belezas. Falo daquela sensação tão bem retrata pelo Roberto Carlos na musica "O Portão". Refiro-me àquele sentimento entranhado na mente e no coração pela nosso mundinho, pequeno, meíocre, feio para a maioria, mas lindissimo para nós que lá vivemos nossas primeras e mais importantes emoções.

Gosto demais da poesia de Manuel Bandeira, de todos sos seus poemas. Mas há um, um bem miudinho que adoro, que quando leio meus olhos marejam porque conheço e entendo o sentimento que nsejou o poema. Cantou Bnadeira:

"Que importa paisagem, a Glória

a baía, a linha do horizonte?

- O que vejo é o beco".

Para ele - e ara mim, juro - que importava toda a beleza existente, se o que seu coração e mente viam era apenas o beco? Como sabemos o beco é estreito, quase sempre sem saída, mas tem a sua importância nos sentimentos. O poeta amava essa beco. Isso não impedia que ele admirasse as belezas maiores, mas a beleza sentimental era o beco.

Causou certa polêmica o poema. Depois ele explicou e achei arretada a explicação, concordo em número, gênero e grau:

"Da janela do meu quarto em Morais e Vale podia contemplar a paisagem, não como fazia do morro do Curvelo, sobranceiramente, mas como de dentro dela: as copas das árvores do Passeio Público, os pátios do Convento do Carmo, a baía, a capelinha da Glória do Outeiro... No entanto, quando chegava à janela, o que me retinha sos olhos, e a meditação, não era nada disso: era o becozinho, onde vivia tanta gente pobre - lavadeiras e costureiras, dofógrafos do passeio Público, graçons de cafés. Esse sentimento de solidariedade com a miséria é que tentei passar no "Poema do Beco" a mesma de quando escrevi poema sobre um boi morto que vi passar nua chuva do Capibaribe...".

Acho que os poetas vêem mais do que a gente, eles enxergam com os olhos dos sentimento e da alma. Como invejo os poetas. Inté.

P.S. Na vida nada como insistirmos em ser apenas um eterno aprendiz.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/12/2018
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