A SEMENTE E O VENTO

Sílvia Purper.

O vento me levava sem rumo certo, ao léu, ia de um lado ao outro, sem direção. Às vezes, quando ele diminuía, eu pousava em locais próximos, sem me fixar.

-“Ai, meu Deus, lá vou eu de novo ! onde vou parar assim ? onde irei morar ?”

E o vento empurrava, virava, levava para longe. Sei que vou encontrar meu lugar, fixar minha morada, criar raízes, crescer, dar frutos e multiplicar, espalhando novas sementes. Mas, enquanto isto não acontece, olho ao meu redor, vejo os parentes já em suas moradas definitivas.

-“Porque ele não me deixa ficar quieta ? queria tanto morar neste jardim . . . tantos pássaros, flores, crianças brincando, um lindo e extenso gramado . . . eu ficaria tão linda, ao lado da casa . . .”

Senti de repente que não mais voava. O vento tinha parado. Será que chegou a minha vez ? ficarei aqui, onde tanto gostei do que vi ? acho que sim.

E veio a primeira chuva . . . tão refrescante, que me espreguicei, me estiquei para todos os lados, penetrei mais na terra e, quando notei, vi raízes que pareciam braços e pernas se agarrando para que o chão tão macio, úmido e nutritivo não me largasse. Ali, fiquei, cresci, realizei meus ideais; quando meus galhos começaram a crescer, vi pássaros formarem ninhos, surgirem as primeiras flores, aparecerem os frutos suculentos.

Outras sementes lancei, espalhei ao vento. Pedi que ele lhes desse um destino tão bom quanto o meu. Que fossem felizes, em um local como o que eu encontrei e vivo até hoje. Desejo que meus descendentes alegrem tantas vidas, quanto as que eu tenho alegrado.

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