SER DIGITAL

"Ser ou não ser, eis a questão" (em inglês, "To be or not to be, that is the question) é a famosa frase dita por Hamlet durante o monólogo da primeira cena do terceiro ato na peça homônima de William Shakespeare.” (Este trecho foi retirado do site “Cultura Genial”, publicado na internet).

Pois bem, parafraseando Hamlet, direi: “Ser digital ou não ser, eis a questão”. Pode parecer banal ou tolo, mas creiam, não é. No decorrer desta crônica destacarei o fenômeno detectado nas redes sociais envolvendo as novas tecnologias.

O Papa Francisco, em uma citação do início do ano de 2019, frisou com pesar o fenômeno do empobrecimento na relação dos seres humanos, devido à crescente onda digital. O sumo pontífice, no alto de seu posto de chefe supremo da igreja católica, alertou para a delapidação nas relações humanas conquistada a duras penas pelos seres do planeta. Definiu como um processo de “desumanização”.

Ele tem razão. Recursos tais como WhatsApp, FaceBook, Twitter, Instagram, entre tantos outros meios presentes na web, de certo modo homogenizam sua prática tornando-a quase uma obrigação, forçando os demais a consumir sob pena de serem discriminados ou subavaliados. Há também, casos de pessoas que camuflam-se no digital, muitas vezes levadas por fatores sociais, tipo timidez no contato com os grupos, diversos tipos de intolerância etc...

Outras, impacientes por natureza, evitam ir além do emoji de positivo, ou do coraçãozinho clássico. Não são raros os casos de amigos ou profissionais que evitam qualquer tipo de contato pessoal, via voz, telefone ou smart phone sob o pretexto de corte nos custos, ou infundada praticidade resfriando e banalizando as relações.

Nada pode tomar o lugar do contato direto e caliente regado a tons de voz, alegria no abraço e no beijo ou mesmo a imagem daquele/a que se curte ou ama. Não defendo a extinção dos novos recursos, apenas uma moderada e salutar utilização, ou seja, seu uso baseado no bom senso.

Dito isto, concluo; o líder católico foi assertivo ao destacar a “desumanização”.

A continuar esta tendência, não duvido nada se doravante, sob alegações diversas, determinados grupos se isolarem nos guetos e ruas, comunidades, cidades, estados ou mesmo países, na umidade de suas casas incorporando de vez a frieza do pixel.

As ruas serão apêndices desprezíveis, o planeta algo desnecessário. O digital parirá pessoas frias, egoístas e intolerantes.

O amor será desnecessário e não haverá mais a magia do sexo, afinal, existirão os robôs, que roubarão de vez a cena das conquistas humanas mais típicas, via automatização. Todos perderão. Será ou não será? Eis a questão.