O FIM DA PICADA

Madre Joaninha caminhava por uma rua próxima da praça central de sua cidade quando sentiu uma picada forte na coxa esquerda. Achou que fosse alguma aranha ou escorpião, mas enganou-se; uma cobra escapuliu dos tecidos de sua roupa e fugiu pela brecha de uma cerca próxima.

Não teve dúvida, entrou na farmácia de Laudelino, o farmacêutico do bairro. Depois do relato, o homem se deu conta de que a mulher fora de fato picada de cobra, e das venenosas.

— Sinto lhe dizer irmã, mas não tenho o antídoto aqui e o veneno da cobra pode lhe custar a vida.

Desesperada, a madre inquiriu Laudelino sobre o que poderia ser feito.

— Só chupando, disse o farmacêutico.

— Deus me livre e guarde.

— Bem, sugiro que decida logo, pois seu tempo é curto.

— Mas não consigo chupar a área, fica na coxa esquerda.

— Uma pena, irmã. A senhora era tão boa!

Madre Joaninha analisou friamente a situação e decidiu pedir ao profissional a caridade de chupar o veneno, para que sobrevivesse.

Laudelino, tomado de emoção, atendeu ao pedido da irmã Joaninha.

A madre sobreviveu graças à chupada do farmacêutico.

Antes de sair, a religiosa recomendou a Laudelino que não comentasse nada com ninguém, sobre o ocorrido naquela manhã.

Ele concordou, e a madre seguiu seu caminho aliviada e... viva.

Dois dias depois, o mesmo episódio abateu-se sobre a irmã Cristina e a irmã Isaura.

Ambas foram atendidas por Laudelino. Curadas e logo liberadas.

Depois de uma semana foi a vez da irmã Viviane e das gêmeas irmã Maura e Maria, seguidas no dia seguinte da irmã Marilu, recepcionista do convento.

Em um mês, todas as irmãs foram picadas e devidamente curadas por Laudelino. A notícia correu e na cidade vizinha, dois dos padres de um seminário foram acometidos do mesmo mal. Laudelino foi chamado. O velório dos padres ocorreu no dia seguinte, na paz do senhor.