Em 2019, de volta

“Sinto tanto por não lhe ter como amigo igual antes. A vida nos leva a novos encontros, mas sinto sua falta.” Me deparei com essas palavras de forma inesperada ao despertar do pesado sono pós noite comemorativa de fim de ano.

Bateram em mim com peso sentimental. Sugaram minha atenção por alguns poucos segundos, suficientes para me fazer recordar na linha do tempo os momentos vividos virtualmente durante os seis anos de amizade com Jorge.

Nós dois mudamos. Ele, talvez, mais. Os cabelos longos, ondulados, o brinco de argola e a barba falhada nas laterais e cheia no cavanhaque substituem o rosto limpo de garoto, o encaracolado curto e o corpo nu de mudanças bruscas. Ambos, meninos. Agora, homens considerados pela maioridade. A mensagem de Jorge burburinhou certa alegria em meu peito.

As vezes amar não aproxima. Amamos longe, eventualmente. Amamos sem que saibam de nosso amor. Estamos distantes dos nossos sentimentos. Longe daqueles que um dia nos fizeram tão feliz. Daí, o receio de que não há amor em via de mão dupla. E acaba não havendo amor demonstrado em via nenhuma.

Me pego questionando como e por que deixamos que nossas relações tão fervorosas e verdadeiras broxem-se num amontoado de cinzas em fogo baixo. Quem anteriormente não só fazia parte mas tornava o nosso dia, agora ausenta-se tal qual férias de julho.

Por que cargas d’água, conseguimos essa proeza e burrice de permitir estar longe de quem a gente tanto gosta? (Não consegui ainda encontrar a resposta).

Manter simplesmente a relação pessoal, seja física ou virtualmente, acabou por se tornar o bastante na obrigação de ser bom amigo. Mas, não. E, naquele instante, as palavras de Jorge acenderam esperança. A esperança de que nossa amizade ainda existe e que, talvez, possamos fazer parte dos dias, das conquistas, dos amores, dos desabafos e decepções um do outro.

No primeiro dia do novo ano, sou brindado com essa bebida deliciosa de Jorge. Por ele, decidi que retomarei minhas amizades antigas – tentarei, pelo menos; porque não depende apenas de mim.

Desejo não só Feliz 2019, mas prósperas mensagens inesperadas de amigos e amores antigos! Que sejamos inundados de “atitudes jorgeanas” durante todo o ano.