Tentativa de amenizar os impulsos carnais
Tempo que disfarça a paixão,
atos que escondem sentimentos.
Palavras ditas
entre diálogos superficiais:
maneiras de não deixar vir à tona
aquilo que adormece
nas entranhas da alma
e que pode emergir a qualquer instante.
Medo de perder o controle de si mesma.
Medo do pensamento
sair vagando por aí novamente
e não conseguir contê-lo.
Um risco, talvez.
Risco de se embrenhar novamente
num sentimento feito areia movediça,
tal qual loucura desvairada
que interrompe os dias pacíficos
e traz a melancolia exagerada
pela distância.
Já tinha dito diversas vezes que,
bastava uma coisa qualquer, vinda dele,
para mexer com as fibras de seu coração.
Talvez sim, desaparecesse,
para não dar chance
de começar tudo outra vez,
já que tentava acalmar
os gritos de inquietude da mente.
E, também, para abafar
a insistência do impulso carnal,
que a tornava mais voluptuosa ainda.
Essas tentações transbordavam
feito um copo cheio.
Por breves instantes,
ficou como um corpo ressequido
que implora por água:
implorou internamente
por um abraço,
só para ouvir as batidas
fortes do coração dele
quando se aproximava.
Não queria voltar ao início de tudo,
quando a paixão a cegava
e dominava.
Continuar a querer, profundamente,
que a presença dele não a fizesse
perder de si mesma...
Eis seu maior desafio.