Tentativa de amenizar os impulsos carnais

Tempo que disfarça a paixão,

atos que escondem sentimentos.

Palavras ditas

entre diálogos superficiais:

maneiras de não deixar vir à tona

aquilo que adormece

nas entranhas da alma

e que pode emergir a qualquer instante.

Medo de perder o controle de si mesma.

Medo do pensamento

sair vagando por aí novamente

e não conseguir contê-lo.

Um risco, talvez.

Risco de se embrenhar novamente

num sentimento feito areia movediça,

tal qual loucura desvairada

que interrompe os dias pacíficos

e traz a melancolia exagerada

pela distância.

Já tinha dito diversas vezes que,

bastava uma coisa qualquer, vinda dele,

para mexer com as fibras de seu coração.

Talvez sim, desaparecesse,

para não dar chance

de começar tudo outra vez,

já que tentava acalmar

os gritos de inquietude da mente.

E, também, para abafar

a insistência do impulso carnal,

que a tornava mais voluptuosa ainda.

Essas tentações transbordavam

feito um copo cheio.

Por breves instantes,

ficou como um corpo ressequido

que implora por água:

implorou internamente

por um abraço,

só para ouvir as batidas

fortes do coração dele

quando se aproximava.

Não queria voltar ao início de tudo,

quando a paixão a cegava

e dominava.

Continuar a querer, profundamente,

que a presença dele não a fizesse

perder de si mesma...

Eis seu maior desafio.

Vivi Peixoto
Enviado por Vivi Peixoto em 07/01/2019
Reeditado em 07/01/2019
Código do texto: T6545415
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