RÉVEILLON

O sol surgia timidamente na tarde de domingo. Assim como faço, rotineiramente, após ler o jornal sentei-me ao computador. Com o olhar perscrutador, abri a caixa de mensagens do meu e-mail e fui, preliminarmente, deletando propagandas e outros anúncios que não me inspiravam qualquer interesse.

Paulatinamente, fui respondendo às mensagens e, após isso, veio-me à mente, de forma repentina e surpreendente, uma vontade imensa de escrever algo sobre o novo ano que se prenuncia.

Com o pensamento imerso nas coisas boas e ruins que aconteceram ao longo do ano findo, vislumbrei o quanto seria laudável para a humanidade se todos os escritos com propósitos de Feliz Ano Novo fossem, de fato, advindos do coração das pessoas, sem hipocrisias e preconceitos, mas sim, com isenção de qualquer tipo de mágoa ou desenfreada ganância em ostentar bens materiais muito mais do que se possa ter.

É evidente que existem pessoas dotadas de sentimentos humanitários dos mais valiosos e que muito nos exemplam, mas, não há dúvida de que muitos escrevem ou pronunciam palavras de solidariedade nessa época do ano, simplesmente por hábito, distantes de representar aquela sinceridade visceral que a todos encanta.

Por outro lado, falta maior visão de comprometimento no qual as pessoas deveriam se obrigar, ou seja, cada qual, estender as mãos uma às outras em conforto espiritual e, se possível, também material, no suprimento de necessidades básicas.

Volvendo os olhos para o céu por ocasião da virada do ano, principalmente nas majestosas megalópoles, especialmente no sofisticado bairro de Copacabana no Rio de Janeiro, observamos o glamour de, aproximadamente, vinte toneladas de fogos de artifícios em magias exuberantes cintilando na amplidão em esplendor.

O encantamento é total, mas, a alegria se esvai num piscar de olhos, se lembrarmos que tanto dinheiro gasto nessa magna apoteose poderia minimizar o sofrimento de tantos de nossos irmãos necessitados até mesmo do necessário para viver, sem que ninguém intervenha a esse estado de coisas.

Esse é um simples exemplo, um detalhe apenas, do quanto pode ser feito para disseminarmos o bem. Imaginem as cifras milionárias desviadas por conta da corrupção que se deflagra em vários segmentos políticos e sociais.

Façamos, primordialmente, a nossa parte com sinceridade de sentimentos e esperança num Ano Novo, de fato, próspero e feliz, sem jamais desistirmos dos nossos propósitos altruísticos, pois é sabido que, muitas vezes, disseminando o bem, acabamos por conseguir o que desejamos nos momentos mais improváveis de nossas vidas.

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 11/01/2019
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