MARIA DE TODOS OS SANTOS
Era raro o domingo em que o banco da frente da igreja matriz de Santa Luzia estivesse vago e nele
faltasse a pequena menina. Maria, que com seu vestido verde de listas laranja era presença constante em todas as missas dominicais.
Oito horas da manhã e lá estava a garota loira, que aguardava ansiosa a chegada do padre Luiz, que pela longa nave da igreja ia distribuindo pequenos folhetos com a imagem de Santos, e dessa forma iam sendo entregues "Santinhos" de São Pedro, Santo Antônio, São José e de todas as Nossas Senhoras.
E assim, e pelos anos seguintes a jovem Maria levava ainda consigo a sua coleção de "Santinhos"e junto a eles, com certeza, o crescimento espiritual que toda essa base santificada lhe proveu.
Muitos anos mais tarde, Maria Clara, mulher feita, sobrevivente das mais diversas avalanches da vida, não carrega mais a antiga e terna coleção. Porém depara-se em seu pequeno oratório com varias imagens religiosas, frente as quais mais agradece que pede, pois sabe que estão ali, todos aqueles que durante toda a sua caminhada, foram seus verdadeiros guardiões.