Tanajuras

Havia um grupo de meninos reunidos na calçada, esbabacados com sua descoberta. De longe era notória a euforia misturada pelo medo. Afinal, toda descoberta trás junto um pouco de medo.

No centro da reunião, um jovem que pela sua aparência, fazia pouco tempo que havia deixado este mundo das descobertas. Não era tão mais alto que aqueles meninos, mas seus poucos fios de barba transmitiam um tipo de sabedoria e respeito.

Ele tinha uma formiga em suas mãos. Não uma formiga qualquer. Ela era enorme, o que fazia dele um campeão com seu monstro capturado. Ele a mostrava e contava historias do tempo em que revoadas de enormes formigas entravam nas casas em busca de abrigo das chuvas. Fascinadas e de olhos arregalados, em panico e sem entender como isso poderia transmitir saudades, continuavam a escuta-lo.

O choro ecoou forte quando ele disse: -Minha avó fazia uma farofa deliciosa!

Foi geral a indignação. Como poderiam comer uma formiga que só quer abrigo?

A unica menina que havia no meio, chorava compulsivamente. Comovida pelo triste fim da formiga gigante. Que apesar do enorme ferrão,e da sua chocante presença, não passava de um aperitivo sádico. Como se o ser humano quisesse provar sua força em casa misero detalhe, onde quer que haja vida, ele quer que de certa forma, ela a pertença.

Ela era a mais baixa, a que sentia e a que chorava e ainda assim, a unica ter coragem e pegar a formiga com suas mãozinhas.

Se aproximou e pediu para toca-la. Quando em viu que estava em sua posse, correu. Correu ate, o que em sua mente, seria o lugar seguro mais próximo. Era um pequeno espaço, privilegiado com algum mato e areia, em meio a uma pracinha de concreto. A soltou la. Os adultos riam e os meninos não entendiam. Estavam surpresos com a falta de nojo da menina em tocar aquele inseto. Ela estava feliz por ter salvo uma vida.

Ralú Nunes
Enviado por Ralú Nunes em 13/01/2019
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