QUANDO A FLOR SUFOCA A EFERVESCÊNCIA DO SER


Embora tivesse consciência que passava para as pessoas certa tranqüilidade, uma calma aparente, um certo ar de bondade, muito lhe incomodava a maneira como era vista: uma flor de pessoa. Ah, como estavam enganados todos aqueles que assim a viam, e o que viam estava longe de exprimir a sua realidade interior, não imaginavam que essa aparência de flor sufocava a efervescência de um ser. De um ser sufocado por um turbilhão de sentimentos, que desembocavam num amor desmedido que lhe queimava a alma e que lhe fora arrebatado. Assim, enquanto parecia revestida da placidez de uma flor, lutava para acomodar esses sentimentos dentro de si e o fazia com a maestria de fazer inveja a natureza, nada destruía, embora vez por outra se visse às voltas com a ameaça de ativa vulcanização, logo abafada pela falta de sintonia entre o sentir e o deixar fluir, é como se não mais existisse força nem motivação, a matéria em fusão natural já não produz a lava e sem lava não há erupção. Vulcão extinto é o que se tornou o pobre ser. 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 30/01/2019
Código do texto: T6562989
Classificação de conteúdo: seguro