SER IDOSO NÃO É O MESMO QUE SER VELHO!

Existirão fronteiras intransponíveis entre o passado, o presente e o futuro? O passado já não existe senão como memória? O presente se extinguirá como o passado? E o futuro, já existirá neste momento?

A cronologia do tempo, efetivamente, não é a mesma em que se insere a mente do ser humano, haja vista as circunstâncias em que cada um se envolve no decorrer de sua existência. Isso é um paradigma do livre-arbítrio, não restam dúvidas.

O tempo faz da competição sua aliada e, não à toa, esta é uma eterna companheira do ser humano, até mesmo no momento da fecundação ela se faz presente. É dizer: somos por natureza vencedores!

Ainda dentro do útero já somos compelidos a conviver com a cronologia temporal. Assumimos desde a concepção uma espécie de pacto com esse temeroso e astucioso companheiro – o tempo. Ele não nos cobra nada antecipadamente, dá-nos a oportunidade da escolha e, quando menos se espera, somos tragados ou homenageados pelas errôneas ou sábias decisões. O tempo não tem remorso, nem compaixão, simplesmente age com a cronologia que o homem assim o batizou – presente, passado e futuro.

Nessa corrida efêmera do tempo, às vezes, nos tornamos atletas e, até julgamos ser vencedores de uma inócua batalha. Uma vez que não há como enfrentar o tempo. Há maneiras de conviver harmoniosamente com esse invencível amigo - inimigo oculto, depende de como se dá o real enfrentamento.

E é justamente nesse enfrentar-se a si mesmo, que conseguimos forças para vivermos na harmonia com o tempo. Dá-se o nome de velho o que já foi novo, e nem sempre é assim. Ocorre que o novo já pode estar por demasiado velho, acaso não obteve êxito em harmonizar-se com o guerreiro imortal. Quantas pessoas já demonstram serem idosas, sem estarem apensadas ao peso da idade. Outras, embora convivendo com seus longos anos de vida, sempre traz em seu espírito o doce sabor de serem eternamente jovens. É questão de livre-arbítrio?

Embebamos de virtudes! De vinhos! De palavras! Talvez assim, possamos nos iludir que estejamos enganando o temeroso amigo – inimigo oculto. O amanha vem com certeza à resposta. Sem querer referirmos a ele (tempo) quando empurramos para o amanha a resposta, indiretamente a ele estamos nos referendando. E quantas decisões são transpostas para o futuro?

Tudo isso para dizer que neste sábado, 16 de setembro de 2007, ao dar um passeio de carro com minha eternamente jovem mãe tive mais um grande aprendizado, qual seja: ao passarmos numa rua, pela cidade de Ibirité, Minas Gerais, passava também por esta mesma via um senhor de cabelos brancos que pedalava sua bicicleta. Neste momento fiz um triste comentário, dizendo que me recordava daquele senhor, ainda quando eu era criança, ele já andava de bicicleta e ainda disse-lhe que, ele deveria ter mais de oitenta anos. Minha eterna jovem mãe me contrapôs, dizendo:

- Filho, as pessoas não são velhas só por serem idosas, ou mesmo apresentarem-se com seus cabelos brancos. As pessoas se envelhecem muito mais quando deixam de acreditar que são capazes de fazer algo. Como andar de bicicletas.

Uma mera observação: minha mãe tem 77 (setenta e sete) anos de idade, mas apresenta-se como se tivesse uns “20 e uns”...

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 17/09/2007
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