UM DIA COM ANITA

Passando o dia com Anita me esbaldei de felicidade, pois a muito queria conhece-la e finalmente a encontrei de braços abertos. Ela com seus 57 anos de idade, considero muito jovem, pois ela atende a todos que a visitam. Para chegar à sua casa caminhei por caminhos tortuosos, subi serras, senti o cheiro da relva, o frescor das matas. Acompanhei cursos de rios, cachoeiras num frenesi da natureza me convidando: deleite-se enquanto existo, aproveite cada gole destas águas puras, cristalinas que vos ofereço. Arvoredos sombreiros me convidando a descansar, a me encantar, a refletir aqueles momentos.

Finalmente chego à tua casa, um frondoso jardim a me abraçar com suas floreiras, seu encanto. Lá estava Anita a sorrir para mim me desejando bom dia, boa estadia. Como boa anfitriã, me convida a um café na sua casa, aquela da esquina que mais se destaca. Não fora o único visitante, pois percebi sentado no canto da sala, muitos convidados à chegar para o seu café provar e se deliciar. Alguns mais apressados outros nem tanto feito eu, que estava à sorver o café de Anita, sabor especial. Sua hospitalidade não se resumira em um simples café, mas acompanhado de bolos, salgados, biscoitos, quem fosse mais ousado, ela oferecia um buffet de sorvete dos mais variados sabores. Sua espaçosa sala ornamentada de louças antigas e modernas tornava sua casa mais aconchegante.

Entre uma prosa e outra tive a oportunidade de conhecer dois de seus amigos, não sei se por timidez ou desatenção me despedi dos dois sem saber seus nomes. Espero não ter causado má impressão aos seus amigos por não ter me apresentado, pois entrei na conversa de ambos sem ser convidado, diga-se involuntariamente. No próximo encontro que tiver com Anita eu me desculpo pela grave falha. A bem da verdade a conversa com ambos foi produtiva, pois trocamos ideias, pontos de vistas, até de política falamos, confesso que não gostei do teor da prosa, mas afinal não somos iguais e devemos aceitar o outro em sua diversidade, não é mesmo? Mas deixa para lá, só o fato de encontrar Anita me senti realizado.

Entre uma conversa e outra comentei à ela minha vontade de me encontrar com a Rosa, ela mais que depressa me pergunta:

- Que Rosa é essa?

Penso que ela ficou enciumada, fingindo não perceber, respondi.

- A Rosa de Lima, esquecestes dela? Ela meio envergonhada pelo deslize me sorriu dizendo:

- Tá bom, lembrei-me dela. Ela mora aqui pra cima.

- Certo. Diga-me qual a distância da tua casa até a dela?

- Eu não entendo muito de distância, o Lauro é que sabe tudo, mas ele saiu. Deve ser uns 34 quilômetros, penso que não passa disto. Te digo uma coisa, a estrada está péssima. O Lauro disse esta semana, que tem muito buraco na estrada é um deus nos acuda transitar pros lados de lá. O teu carro é um jipe, feito o do Rodrigo?

- Não, é um humilde Cliozinho, aquele vermelho estacionado na praça. Não visse eu chegar com ele?

- Desculpe, não percebi. Hoje estou meio aérea

- Sem problemas, não é isto que vai alterar minha decisão. Preciso pensar se sigo caminho ou não. Vir aqui e não ver a Rosa, me sinto frustrado.

- Que frustrado que nada, não te garantes na boleia? Se eu não tivesse compromisso até iria contigo rever a Rosa, mas estou muito ocupada. Sabe, quando o Lauro sai, fico com toda a responsabilidade da casa, entendes né?

- Tu és a secretária dele?

- Digamos que sim. No fundo, no fundo às vezes penso ser o contrário, mas não ligo não, ele é boa gente. E daí já decidiu? Ela está te esperando...

Despedi-me de Anita com o coração partido, pois decidi adiar minha visita à Rosa em função das condições da estrada. Ficou a esperança de uma próxima vez seja mais ousado para enfrentar a aventura de visitar a Rosa com chuva ou sem chuva. Retornei com a certeza e a alegria de ter conhecido Anitápolis, interagido com alguns moradores, desfrutado de algumas delícias deste belo local com sua exuberante rodovia asfaltada e bem sinalizada, porém Santa Rosa de Lima adiei para uma próxima oportunidade pois a estrada estava em péssimas condições conforme as informações obtidas por alguns nativos que conhecem bem. Até me empolguei em continuar no entanto meu discernimento disse para abortar esta vontade de conhecer Santa Rosa de Lima distante 34 quilômetros de Anitápolis.

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 08/02/19

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 10/02/2019
Código do texto: T6571663
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