DIFÍCIL A INTOXICAÇÃO DA MÍDIA.

As pessoas de mais sensibilidade estão intoxicadas pelas notícias recorrentes de efetivas desgraças e mau presságio. Esquentamento do planeta e catástrofes naturais fora as não naturais. O princípio da inevitabilidade preside destinos e o mundo.

A usurpação política agora acentuada sua existência pelos processos investigativos da maior quadrilha que governou o país, que se conhece profissionalmente, fortemente combatida e contida, lamento, não poderá melhorar muito o quadro sociológico mesmo apenada.

Mudanças já se assentaram e ocorrerão, em amplitude. As práticas políticas indicam outras condutas onde a correção se apresenta com efetividade. Tudo aponta para a melhora.

Mas quando vi e ouvi notícias sobre o deslizamento sobre a Estrada Niemayer vindo do Vidigal, e surpreso recebi os números de seus habitantes, 90.000, pensei, nada irá mudar com expressão.

Difícil educar essa natalidade irresponsável que escala morros, deita-se nas planícies pobres do sertão famélico, espalha-se nos estados do norte esvaziados de informação e adestrados para o curral político.

Ia na Rocinha quando jovem de motocicleta faz meio século em feijoada célebre, e do alto da Gávea por onde se subia, via-se o verde descendo refrescante até o mar. É hoje a Rocinha tomada por um dos maiores guetos brasileiros, encravado na miséria, no tráfico e em vazio de Poder Público diante de impossibilidades maiores de urbanização regular. Como mudar isso? Difícil, e intoxica saber dessa impossibilidade de avanços em geral, em todas as direções.

Isto, resta aguçado na vontade de restar surdo à essa informação geral, mas é difícil, mesmo evitando, ela entra e se apossa de mim pelos poros, por osmose.Moro na cidade, sou da cidade, frequento a cidade, sou cosmopolita, com razoável informação do mundo.

Por isso muitos resolvem fechar seus interiores para a informação em geral, midiática, e até mesmo do computador, pois nada quase soma para a vida ou patrimônio pessoal, mesmo em pesquisa, sob todos os ângulos, sendo ainda biombo de todos os pecados, aflorando problemas humanos que afligem a todos, pior, martelados pelas sequelas da frustração, depressão ocorrente, e maiores maldades com inocentes.

Lendo excelente página, perfeita para quem se acha acossado por esses insolúveis males sociais, por esse trânsito deformativo/informativo que inverte a ordem natural de tudo que se possa esperar do ser humano, vemos que pouco resta de concretude nesse painel especulativo.

A seta singularíssima aponta para a complexidade insolúvel cujo nó dificilmente se desata.Os pobres de espírito querem alucinadamente ter e aparecer, e são pobres materialmente e nenhum dom têm a oferecer. Necessitam respirar um ar que não lhes chega e não chegará. Melhor voltar-se para o que é bom e para a beleza, sem pretensões impossíveis, sermos realistas, pelo menos para individualmente tentarmos ajeitar a ordem no mundo, por pequenos pedaços, nosso pedaço.

Grandes mudanças no mundo; não creio que existirão. Vivemos em meio a ideologias loucas e vacilantes passos filosóficos.

E o que falta? Que cada um faça sua parte, sem querer aparecer tolamente, sem pretender ter ou ser o que não é ou tem, sem alardear o que está por vir e pode não vir, sem contestar a evidência do que é, sem matar a esperança da verdade que se mostra, às vezes, sem descer ao mais baixo ponto de vilania para haver, e principalmente, sem se esquecer que o todo é feito de partes, e elas tem pontos definidos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/02/2019
Reeditado em 12/02/2019
Código do texto: T6573386
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