OBSERVAÇÕES PESSOAIS (Esta crônica foi escrita há quase 20 anos, mas continua atual, s.m.j.) - Assim penso eu.

OBSERVAÇÕES PESSOAIS (Esta crônica foi escrita há quase 20 anos, mas continua atual, s.m.j.) - Assim penso eu.

IALMAR PIO SCHNEIDER

Alguém neste País ainda acredita em justiça social? Causa indignação saber-se de crianças nas ilhas do Guaíba, enganando a fome com água poluída do rio por não terem o que comer. Isto no Estado da Federação de melhor qualidade de vida. Mas tal não acontece só aqui, pois por esses dias assisti na televisão, que lá no portentoso e distante Amazonas, médicos jovens ao visitarem as casas pobres, constatavam crianças desnutridas e em vez de remédio, receitavam alimentos. E o que dizer do Nordeste, onde as secas assolam as regiões do agreste? Onde pequenas cidades desaparecem, sendo abandonadas por seus habitantes desesperados e os que resistem, num último recurso, se alimentam de cactos cortados em pequenos pedaços? Há carência de tudo e o quadro é desolador.

Esta é uma ínfima amostragem que a mídia, por mais conservadora, nos põe à vista, acerca da miséria que, infelizmente, grassa nos lares desfavorecidos da Nação. E a responsabilidade por tudo isto? Quando teremos uma solução para problemas tão sérios e urgentes?

Ao mesmo tempo em que fica a pergunta no ar, presenciamos a investigação do suposto desvio de verbas estratosféricas do dinheiro público, bem como os lucros fabulosos acrescidos ao patrimônio de bancos privados com a desvalorização do real face ao dólar. Tudo já tão ventilado por cronistas de jornais e revistas diversos e agora entregue ao Senado onde correm as respectivas CPIs. Esperemos que se faça justiça para que o povo recobre o alento esmorecido em tantas incertezas.

Por outro lado, não se pode afastar de nossa explanação o desemprego em geral que afeta a sociedade e gera as dificuldades mais elementares de subsistência. Todos os dias existem filas enormes de pessoas que procuram se inscrever em qualquer espécie de ocupação, não importando para quê, nem a remuneração que venham a perceber. Há uma procura desenfreada no sentido de encontrarem um emprego cada vez mais difícil. Diversos fatores influem para isto: a tecnologia avançada e a falta de preparo de mão-de-obra especializada, figuram entre eles. Todavia, quero entender que o mais grave é a falta de planejamento, pois se houvesse organização racional, o problema não atingiria proporções tão expressivas. Por enquanto tenho ouvido e visto alguns teóricos afirmarem que o primeiro passo para amenizar a situação precária da falta de emprego, seria o incremento da construção civil. É provável que ajudaria, sem, no entanto, solucionar de todo a questão. Penso que vale a pena tentar, considerando o estado de penúria em que se encontra grande parte de nossos irmãos brasileiros.

_____________________________

Poeta e cronista

Publicado em 24 de maio de 1999 - no Diário de Canoas

Ialmar Pio
Enviado por Ialmar Pio em 18/02/2019
Código do texto: T6578251
Classificação de conteúdo: seguro