COLÉGIO MARTIM AFONSO PARTE III

COISAS DE SÃO VICENTE – O CURSO GINASIAL DO INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO MARTIM AFONSO PARTE III

O mais folclórico professor da história do Martim Afonso, muito provavelmente foi o professor Breno, que ministrava Desenho. Desde que se ingressava no ginásio ouvia-se falar desse personagem. Uns falavam que era muito rigoroso nas provas, outros diziam que era divertido, a maioria o admirava, mas, pelos comentários tão divergentes, criava-se uma expectativa de como seria tê-lo como mestre. Em um ponto todos concordavam: era conhecedor da matéria que lecionava e transmitia muito bem seus conhecimentos. A partir da segunda série fui aluno dele e realmente sua conceituação era perfeita. Depois de corrigidas as provas, Breno mostrava aos alunos e proporcionava uma oportunidade caso houvesse alguma dúvida na correção. Só não era democrático, pois dificilmente alterava sua nota. Lembro que em uma dessas entregas de provas corrigidas, um dos meus colegas reclamou que o Breno havia tirado dois pontos da nota da prova. Breno simplesmente explicou que todo mês sorteava uma prova e tirava dois pontos. O cara ficou possesso, pois de sete a sua nota seria cinco e ameaçou reclamar na diretoria. Professor Breno pegou a prova tirou mais três pontos, reduziu a nota para dois e falou que agora o aluno podia ir reclamar. E ficou com dois de nota. No exame final do primeiro científico ocorreu um caso hilário. Haviam ficado para exame sete alunos, eu entre eles. Breno entrou na sala, fez a chamada da lista dos sete, mas contou que havia doze alunos. Quis saber o porque de haver ali cinco alunos que já haviam passado. Responderam que era para aumentar sua média, coisa de cdf. Breno simplesmente avisou que tinha duas provas, uma normal e outra que todos tirariam zero caso eles permanecessem na sala. Praticamente foram expulsos por nós e a prova dada foi de acordo com o programa. E haviam outras histórias do Breno. Mas entendia muito de Desenho.

Uma mestra inesquecível foi a dona Sara Capellari, professora de Português. Baixinha, usava óculos e, como o marido Edmundo, era elétrica. Dava aula com energia e fazia comentários inteligentes. Fui seu aluno na terceira ou quarta série e lembro de uma passagem que marcou bastante minha vontade de escrever. Havíamos feito uma redação e no dia que ela entregou as redações com as notas deixou a minha por último. Perguntou quem era Paulo Miorim e fez o seguinte comentário: “-O senhor escreve muito bem, tem um bom concatenamento de idéias. Mas tem um defeito: é muito lambão. Por causa disso sua nota é oito.” E me entregou minha redação, que estava cheia de riscos e uma caligrafia horrorosa. Mas fiquei muito orgulhoso.

Outra figuraça era o Sebastião, de Química. Tinha um jeito de caipira, falava baixinho, parecia tímido, bigodinho ralo. Mas um professor que não guardo saudade, mas nem rancor, foi Orlando, de Português. Falava enrolado com veemência, parecia que tinha uma batata quente na boca. Me reprovou no 1º Científico por 25 centésimos. Que Deus o tenha, era um maluco.

Paulo Miorim 18/02/2019

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 18/02/2019
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