O LUGAR DOS EGOS
Por JOEL MARINHO
Não é de hoje que sabemos, o poder é o local maior dos egos, onde toda a humildade da raça humana evapora e nasce um sentimento de magnitude tão alto quanto a águia perdida entre a soberba e o céu em seu voo espetacular como se a terra não mais o servisse de base para o descanso de suas longas jornadas no espaço.
Assim pensando tenho analisado nos últimos dois meses do novo governo federal o seu alçar de voo pelo espaço do poder. Uma luta de egos lamentável que vem dando espaço a lamentações, traições e especulações, dando indícios a uma queda livre em um abismo sem fundo.
Um grupo que sem muitas articulações políticas e acreditando ser possível governar um país de tamanho continental apenas gritando ou grunhindo como cão vira latas tentando assustar seus opositores tem encontrado trabalho para se articular dentro de seu próprio grupo, assim sendo abre brechas na terra tão intensas deixando escapar o calor infernal de um vulcão prestes a explodir. Seus opositores que pareciam de fora agora brotam aos montes nos seios da própria “pátria partido amado”.
Imaginávamos que poderia ser um desastre quando víamos o líder desse movimento para um “Brasil Novo” onde a “Pátria estaria acima de tudo e Deus acima de todos”. Percebemos que eles não souberam articular com a pátria amada, muito menos com Deus para lhes ajudar nesse momento tão crucial.
O ego tomou conta a partir da síndrome do poder absoluto e as articulações com grupos “rivais” parece um vírus fatal para o prosseguimento do plano do novo governo, como se esses grupos não fizessem parte do poder e eles não necessitassem dessa articulação para ter governabilidade.
Às vezes fico a me perguntar: será que essa cúpula formada não há pessoas inteligentes que possam desenhar ao nosso chefe de Estado o quanto é importante saber negociar para poder governar?
Não creio que nenhum desse povo alguma vez tenha se debruçado em um livro de História e tenha lido sobre as revoltas e revoluções. É até impensável que não haja ninguém inteligente para dizer ao presidente que houve desde o final do século XIX articulações de grupos de trabalhadores capaz de mudar as políticas nesse país.
Eu me nego a acreditar que não haja alguém inteligente a ponto de dizer: presidente, se não souber articular seu “reinado” não dura um ano, pois o Brasil do século XIX pra cá mudou demais. Não existe mais o poder Moderador onde todos os poderes estavam subjugados ao poder do rei. Ah, só para lembrar, nem quando havia o poder Moderador foi capaz de assegurar o último imperador brasileiro no poder devido a falta de articulação com os novos poderes que se formavam naquele momento.
Hoje o poder mudou e para o azar do ego dos nossos representantes além da força emanada de grupos ligados ao mundo empresarial há os ligados a grupos menores que parece não fazer muito mal ao governo, mas se ligados de forma inteligente pode criar forças de um gigante adormecido, o povo que sofre todas as consequências do desmando governamental.
Há também um outro monstro aterrorizador de quem quer que esteja hoje no poder, aquele que se aliou e ajudou o presidente chegar ao planalto, a internet, um “ser” inanimado que brinca de ser o anjo salvador e muitas vezes o é, mas que por trás do sorriso bobo de bom samaritano pode trazer os dentes ardil de um demônio implacável com vozes vindo do “além” (inferno) para atormentar suas noites na casa mal assombrada, o palácio da Alvorada, sem esquecer que bem ao lado está outro perigo no palácio jaburu, seu próprio vice-presidente.
Eu não quero ser do contra, assim como não sou a favor, quem leva os tiros que confira os buracos de chumbo, mas ao que tudo indica se não houver uma mudança de postura teremos em breve um novo presidente, se bem que não sei se isso de fato é benéfico ou pior a todos nós brasileiros. Pressinto que o “nosso mito” pegou em bomba chiando e prestes a explodir, mas que tinha tudo para fazer um governo mais ou menos, porém sua falta de tato administrativo sendo tomado por seu ego com o cheiro do poder o colocaram em uma ladeira sem freio com um enorme abismo para todos os lados e para a frente.
Voltar seria a solução? Talvez! Porém parece que o ego é maior do que pedir ajuda e articular as negociações, portanto, vamos ter que esperar para saber até onde esse trem desembestado de orgulho e ego vai chegar para que alguém venha e junte as peças que sobrar na tentativa de um novo trem, um novo trilho para a pátria amada da família brasileira sem essa de tradicional, pois o século XIX talvez tenha valido a pena aos que viveram àquela época, porém nem de longe se aplica para uma sociedade nascida no final do século XX e início do XXI.