SOBRE DEPRESSÃO

Vasculhando meus textos no blogue Depois eu contA, encontrei uma reflexão sobre DEPRESSÃO feita numa segunda-feira 2 de janeiro de 2012, então véspera do meu aniversário. A minha surpresa, e por isso compartilho com os amigos, é um comentário deixado lá no blogue. Segue o texto e depois o comentário (não vou citar o nome de quem comentou).

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SOMOS TODOS IGUAIS

A depressão pode ser entendida como uma tristeza que não tem fim, tem origem mascarada e por isso não tem uma cara. Pode ser entendida como sintoma, como melancolia, como morte. Passa-se o dia ao sol fixando na face um riso de escárnio na aparência adquirida com muito exercício em práticas comunitárias, mas à noite tudo se dissolve e o sol que agora ilumina o Japão não responde à pergunta: o que me faz tão vazio?

O contrário também é verdadeiro. Cultivar a dor que a existência proporciona para toda gente pode não ser doença apesar de ter o mesmo nome: solidão. À noite a pergunta que fazemos é a mesma, uma reflexão interminável que só nos faz retomar velhos mitos.

Ali está Fausto diante da eternidade, Quixote armado na frente de um moinho e o capitão Ahab com sua única perna e arpão na proa. Também Jacó oferendo lentilhas para subornar Esaú. A Literatura salvou minha vida, eu retribuo escrevendo.

O sol retorna para a infelicidade geral, prosseguimos adquirindo novos aparelhos celulares. Uns publicando novas respostas para antigas perguntas e outros lendo manuais de auto ajuda. O que muda e o que permanece? O vazio. Porque o que existe entre os átomos, as moléculas e as estrelas é o vazio. Nós somos todos iguais.

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Baltazar Gonçalves

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COMENTÁRIO DE UMA LEITORA

O que me faz tão vazia? Já me perguntei isso inúmeras vezes, muito, muito tempo atrás. E descobri. O que me tornava tão vazia, "o que doía", era a necessidade que tinha de me sentir amada, sim, amada. Eu tinha fome de ser reconhecida pelo que fazia para os outros e o retorno não vinha como esperado. Então, a tristeza, a solidão, o pranto e o vazio...

Tudo em vão...

Por vezes me via perguntando, o que faço de errado? Porque ninguém gosta de mim? Porque sempre fico assim? Longe? Um aperto no peito, um nó na garganta.

Então um dia, ou vários dias, me dei conta: tenho que fazer para mim, para minha felicidade e bem estar, para minha saúde! Comecei a dizer NÃO.

NÃO para problemas familiares que não eram meus. Comecei selecionar o que queria ouvir, fofocas, intrigas. NÃO para mim.

Assim comecei a redirecionar minha vida, hoje o vazio fica mais longe embora dentro de mim, cada vez mais longe. Remédios para afastar a tristeza? Só aceito se for um bom vinho!

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 22/02/2019
Código do texto: T6581429
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