O CAPETA FICOU VERMELHO DE VERGONHA

Pra encarar uma vida a dois tem que ter paciência de tartaruga,

astúcia de leopardo e, geralmente, sangue de barata.

É guerra sem trégua, mar aberto sem porto à vista,

mata cerrada em noite sem lua.

Vida a dois exige pós-pós-doutorado nas ciências do perdão

e sabedoria de Deus reencarnado em Deus infinitas vezes.

Tem prova atrás de prova, cilada atrás de cilada, motim atrás

de motim.

Vida a dois nunca destrava, nunca relaxa, nunca debanda.

Os poucos privilegiados, ou condenados, que dela conseguem

sobreviver relatam coisas que deixariam o capeta vermelho

de vergonha.

Mas, apesar de tudo, tem seus encantos. Como tem!

É delicioso construir uma história juntos, ver a relação agigantar,

ver sonhos acontecerem, um atrás do outro.

É bárbaro ter com quem compartilhar, vibrar, comemorar vitórias,

superações, passos acertados. E tudo mais de bom.

Não tem nada melhor do que sentir o gosto do envelhecer sem o amargo

da solidão, do desprezo, do esquecimento.

Se perceber acarinhado, se perceber acolhido, se perceber motivo de

orgulho é impagável. Isso só acontece quando misturamos almas,

suores, vidas. Principalmente vidas.

O resto é estorvo, é nada, que descartamos na primeira lixeira e pronto.

Não tem nada melhor que somar 1 + 1. Nada mesmo.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/02/2019
Reeditado em 22/02/2019
Código do texto: T6581551
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