NUA E CRUA

É apenas mais um dia na grande cidade, na floresta selvagem de concreto, a porta do ônibus aberto e lá vem entrando mais um pedinte.

E não importa a hora, qualquer hora do dia é hora de pedir, de buscar o que comer ou um trocado para se drogar e aguentar mais um dia de vida.

Isso porém se agrava quando o pedinte é uma criança na idade de estudar e brincar. Isso corta o coração!

O pior de tudo, ninguém ver essas cenas ou se ver não se incomoda mais com isso de tão corriqueiro que já ficou, eu na certa também estou incluído nesse bolo maldito dos que olham e não sente nada ou quase nada. Mas por incrível que pareça ainda sinto uma gastura tão imensa a ponto das lágrimas vir aos olhos.

Sim, sei que é difícil fazer alguma coisa, são tantos fatores envolvidos que temos medo de ao menos dizer algo.

Nessas horas nos perguntamos aonde estão os órgãos competentes para proteger as crianças?

Nesse momento o coração dispara mais forte, um jovem, ou pior, ainda criança aparece com um papel na mão em que tem um português mal escrito pedindo uns trocados para sustentar a ele e aos seus cinco irmãos.

É verdade ou mentira? Eis a questão!

Dou uns trocados ou procuro saber mais sobre aquela história?

Enfim o garoto vai embora após receber uns poucos trocados e muitos não no rosto.

O rosto dele é tão sereno e sofrido que causa dor em quem o ver e assim vai acabando mais uma cena que se repetirá durante várias vezes ao dia no vai e vem da cidade em que as pessoas correm apressadas em busca de tudo no meio do nada nesse mar de gente andando iguais formigas, assim é a vida nua e crua dos cidadãos desfavorecidos socialmente e sem nenhuma perspectiva de vida.

De quem é a culpa? Não sei exatamente nem saberia fazer um julgamento de forma precisa de onde parte a culpa ou as culpas.

JOEL MARINHO