COISAS DO OUTRO MUNDO

Era grande a movimentação na pequena cidade de Pedra Branca, pois havia instalado-se ali o circo Pirilin, que nessa noite estreiaria trazendo muitas novidades, o que de mais moderno e arrojado houvesse em acrobacias, com famosos artistas da capital.

A menina, curiosa, e de tanto insistir, conseguiu que a vó a levasse naquele que prometia se o espetáculo do ano. Dona Lucinha, cansada com o peso da idade, dispôs-se a levar Maria Clara, menina teimosa, que andava sempre atrás desses modernismos todos.

Acomodadas, ou melhor mal acomodadas, nas velhas arquibancadas, as duas aguardavam ansiosas as apresentações, que iniciaram pelo ruido forte e estridente de duas motos cruzando-se em alta velocidade dentro de um globo. O Globo da Morte. Não refeita ainda do susto, a idosa tenta tapar os olhos, quando anunciaram: Júpiter, o Engolidor de Fogo!! Estupefata, em nada acreditando no que via, a vó da menina apenas repetia: são coisas do outro Mundo! são coisas do outro mundo!!

Muito tempo passou, Maria Clara, mulher adulta, acompanha a filha Mirna a um show de dança. Bailarinas, suspensas por fios, executam belíssimas coreografias nas alturas, onde o voal rosa pálido do figurino da bailarina forma silhuetas no ar. Em outro momento, o forro do salão é usado como piscina deslizante, onde bailarinas mergulham, agora em uma dança aquática. Tudo é movido a muita tecnologia, com shows de sons e cores enriquecendo o espetáculo. Há a possibilidade do publico interagir, uma vez que alguns artistas circulam entre a multidão. A adrenalina está presente em todos os momentos e a riqueza e o inusitado da apresentação fazem Maria Clara , lembrando da vó, questionar se não estaria ela, no decorrer daquela uma hora, tendo visto coisas do outro mundo??

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 24/02/2019
Reeditado em 11/03/2019
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