Em transe, gente!

"Quando acordou, em meio àquela multidão, sem saber ao certo o que tinha acontecido à sua volta, enxergando à sua frente um monte de pontinhos prateados, com a sensação de um saco de concreto na cabeça, e uma dor que parecia ser causada por uma fricção de agulha de crochê sobre o cérebro, respirou fundo e disparou:

- Em transe, gente!

O guarda que a vigiava desde a sua chegada triunfal, vestido de gala, fino e alto salto e bolsa de verniz, naquele espaço aberto, sob a inluência do àlcool, vendo no banco da praça, um especial flat com uma cama de se dar inveja em ser humano, e convocando para um belo sono com teto à mostra, se ofendeu:

- Intransigente, eu? Depois de ficar aqui procupado com a sua segurança, medo de que fosse violentada, por causa da falta de vergonha, e dos excessos cometidos numa noite d elua cheia, ouço esse agradecimento? Procure a sua turma desaforada e desequilibrada.

E virando para a multidão que assitia a desgraça alheia com alegria, soltou a voz:

- Circulando! Vamos procurar um servicinho. Circulando!

Agressivamente impulsionava os que ali estavam um a um. A moça chique, ainda zonza, e cambaleando pela praça, deixou fugir um pensamento em palavras retardadas:

- Por isso que bebo... Língua portuguesa maldita! Oh praga. Deixa pra lá!

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 24/02/2019
Reeditado em 24/02/2019
Código do texto: T6583258
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