E que os céus não me ouçam. Aliás, que me ouçam todos aqueles que estão sob os céus...
É fato que as pessoas têm evoluído muito quando tratamos de divindades. A história demonstra que muitas foram às concepções criadas a partir da relação entre Deus e o Homem.
Se Deus se fez homem e habitou entre nós, não seria ele um de nós? Em busca da salvação prometida, muitos se sujeitam as situações extremante constrangedoras, uma espécie de submissão plena, onde as pessoas perdem a noção de espaço, tempo e direção. Deixando de ser realistas, acabam por criar inusitadas espécies de fanatismo.
O menino Deus toma forma de vingador. O amor perde espaço para a represália. O sofrimento, que assola a vida daqueles que acreditam na força divina, mas que, não a experimentam, porque usam viseiras, e estas se elevam ao maior grau em se tratando de pecado.
O Deus castigador, aquele que tira tudo que ele mesmo dá, existe? Ou seria uma criação de nossa mente para justificar os nossos atos e temer algo que é grandioso: a nossa própria consciência. A Sagrada Escritura “Meu castigo é grande demais para que eu o possa suportar.” (Gênesis 4,13). Será que todos são mesmo castigados pelos atos cometidos? Bem, fui tomada por um temor inigualável, não sou exceção à regra, afinal, por bem ou por mal, tenho vários pecados. Talvez a dor viesse ao meu encontro. Mas será que se não cometesse nenhum pecado eu não teria o desgosto? Não defendo a idéia de que as pessoas devem errar mais ou menos, levanto a bandeira de que a permanência no erro e que faz de nós mortais, e humanos, claro. Senão, seríamos todos “Deuses”.
Resgatei em minha memória (um pouco devastada pelos anos que se passam) uma atividade escolar. As normas estavam lá, intocáveis. Até que alguém resolveu transgredí-las. O diretor da instituição resolveu penalizar, àquele que deu causa ao efeito. Um castigo! Adão e Eva foram culpados de trazerem o pecado ao mundo. E como castigo eis que vem a serpente. Se castigo é uma “punição”, como seria a aplicação? Quem seria o responsável pela escolha da penalidade? Quem seria o juiz?
Em “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna, filme brasileiro, a Mãe e o Filho dividem a incumbência de “escolher” as penas.
Imagine isso com 6 bilhões de seres humanos que habitam este mundo. Na divisão exata, seriam 3 bilhões para o Menino Deus e 3 billhões para Maria, sua mãe. Uma atrocidade temporal. Diferente da vida terrena, onde se é penalizado por fator gerador, será que sob os céus, eu saberia minha sentença? Ou, simplesmente justificaria os acontecimentos que foram gerados pelo próprio comportamento, uma espécie de validação do livre-arbítrio. É mais fácil dizer que foi castigo de Deus, que assumir que uma decisão foi tomada errada. A culpa do outro nos agride menos, afinal, de que vale assumir, se é mais fácil sumir. Mas há um fato novo que não pode ser esquecido: O Deus supremo e verdadeiro, “O Deus do Castigo”,(sinto muito em dizer isto): tirou licença sem vencimento. E diga-se de passagem, em seu lugar tomou posse, foi eleito, “O Deus do Amor”.
Palavras Dele: “Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama. (São Lucas 7,47). Sim, este Deus que se fez homem e habitou entre nós. Que se entregou para a remissão dos nossos pecados. Que nos ensinou amar. Que nos instruir para perdoar. E nos deu vida. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos (São João 15,13).
Crer num Deus distante, intocável, não- materializável, não é mais o lema do cristão. O cristão acredita “Naquele”, que está no meio de nós. Que nos vê rindo, que nos observa chorando e que nos consola. Aquele Deus, que no meio do caminho te carrega no colo. O Deus que perdoa. O Deus que te ergue.
“O Deus do Amor”, cuja presença é real, basta olhar ao redor: A flor que desabrocha, o pássaro que voa, as estrelas no céu, e o sorriso das pessoas. Impossível não sentir a presença de Deus... E excêntrico, é não amá-lo."
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 03/03/2019
Reeditado em 16/05/2019
Código do texto: T6588512
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