NOSSA MAL FALADA LÍNGUA

Ah, a língua! Temos duas: uma, é aquela coisa com jeitão de maria-mole, que não pára quieta em nossa boca, nos traduz sabores, auxilia na mastigação, degustação, e cuida de nossa sonoplastia. A outra, refere-se à linguagem, peculiar a nós e nossos vizinhos planeta afora, e que nos faz mais ou menos sociáveis dependendo de como a utilizamos.

Fruto disso, surge a figura do “linguarudo” (não confundir com alguém de língua grande); trata-se de um adjetivo que identifica um sujeito tagarela e que não tem papas na língua. E papas na língua, não significa que temos uma cópia da imagem de sua santidade o Papa, materializadas sobre ela. Surgem, por isso, um sem número de interpretações, que acabam complicando a vida, principalmente dos gringos; aqueles turistas que nos visitam e enrolam a língua. Os caras piram na batatinha!!!

Nossa língua é o Português, assim como português também é o dono da padaria. A bota se calça e a calça se bota. O macho da anta não é o anto.

Vá anotando as peripécias de nossa linguagem. Há, na língua falada e tagarelada, Brasil adentro, uma forte tendência a economizar “S”(esses). Exemplo: “Os menino gosta das moça.” Traduzindo: Os meninos gostam das moças. Custa colocar um essezinho ou dois (a mais) na frase?

Fora os duplos sentidos, que causam a maior confusão… e constrangimento: “Como você está? — Não como você, mas vou indo.” Mas chega uma hora que até os gringos começam a entender o nosso humor, como nessa pérola da sonoplastia gramatical, em duplo sentido:

“E tinha o gatinho Tico, um gatinho muito barulhento. Tico mia na sala, Tico mia no chão e Tico mia na mesa”.

Não podemos ignorar as outras curiosidades, ainda no plano dos sentidos, algo não afinado com a lógica: Por que “separado”se escreve tudo junto e “tudo junto” se escreve separado? Ou esta outra, ligada aos enófilos: "Se o vinho é líquido, como pode ser… seco?" Devido ao baixo nível do ensino em nosso país, o povo comete impropérios duros de engolir, digo, de ouvir: “Os políticos roubam mais ou menos que antes?”. — “Menas, bem menas!!” O correto é usar o advérbio de intensidade “menos”. “Menas” não se usa nem aqui e nem em Júpiter!!

Mas não foram poucas as vezes que tive de ouvir: Salchicha, vrido, preda, fórfi, sancha. Ficaria assim o equivalente, escrito da maneira correta: Salsicha, vidro, pedra, fósforo e chance. Nem sempre haverá um interlocutor para chamar de seu, diante de uma bobagem dessas, não é mesmo? Mas não fique triste, existe atualmente um amigão sempre disposto a te ajudar, refiro-me ao “corretor do WhatsApp”. Ele tira você do sufoco e faz com que seus amigos acreditem que você seja de fato uma fera em Português. Correto? Humm… nem sempre!

Veja o caso da mensagem trocada entre Carol e seu colega da facul: “Seu piercing é grande… animal!!!” O corretor automático do Zap corrigiu assim a mensagem: “Seu pinto é grande… Aníbal!!!” Saia justa é o termo mais próximo para definir o que a pobre garota sentiu. Mas a culpa é toda desse corretor Tabajara (que corrige errando) e da mal falada língua, essa coisa com jeitão de maria-mole e que não pára quieta em nossa boca.