A falência do sistema prisional e o comando

Se o tempo é o Senhor da Razão, vamos lá! Racionalizando em 3, 2,1!

Se você estivesse à beira de um abismo e percebesse que atrás de você existisse uma infinidade de pessoas, qual seria a sua ação natural por instinto de sobrevivência? Empurrá-las para trás? E se fosse o contrário? Não empurraria outros para o abismo, na tentativa de fugir? Então é isso! Instinto de Sobrevivência! Pouco Racional, mas intrínseco aos seres humanos.

Estamos diante de um abismo. A criminalidade aumenta assustadoramente, a reinserção social de um condenado no Brasil é exceção (via de regra viram criminosos de altíssima periculosidade pós cumprimento de pena) e o "sistema" (diga-se de passagem a corrupção sistêmica ) contribui efetivamente para o resultado desastroso: dezenas de mortos dia a dia e chacinas de tempo em tempo.
A discussão que se estabelece nas redes sociais é sobre "santos não podem morrer (Lembrando que esta é uma adaptação da frase "não tinha nenhum santo")?
A análise deste cenário não pode e nem deve ser vista sob a ótica umbilical (se é que me entendem), já que estamos diante da crise do sistema prisional que está falido faz tempo, mas a segurança pública nacional insiste em não enxergar. É a corrupção de novo, de forma diversa, com outra roupagem. Como é possível que duas (ou três) facções gigantescas comandem um presídio? Como é possível que de dentro deste presídio, os "morros" sejam comandados? A maioria dos presidiários mortos cumpriam penas por tráfico. São tantas correlações que surgem pós um desastre de sangue tamanho como este, mas não podemos nos ater ao discurso de salvaguardar a vida, sem contudo compreender "a que ponto chegaporque e porque chegamos neste ponto.
O discurso compensatório da vida que vale mais (dos presidiários ou dos cidadãos de bem) abre precedentes para novas discussões... E é disto que devemos falar. Estamos diante da pena de morte decretada por uma organização articulada dentro dos (que deveriam ser) os maiores centros de segurança do país, estado? Podemos então, dizer que a partir de agora quando as tidas gangs rivais quiserem chamar a atenção do estado ou ganhar espaço criminal usarão desta metodologia pouco ortodoxa de decapitar pessoas, retalhar seu restos e depois tentar montar um quebra cabeças? A crueldade e frieza com que agem estes grupos deveria nos provocar alguma reação, quer seja apenas medo, de viver com, de conviver. Estamos diante, sim, de um desastre e devemos atestar sim a nossa inércia diante da barbárie que está por vir.
A primeira vertente é reconhecer que o Estado não consegue sequer dominar o espaço que ele construiu, seja pela inoperância administrativa, pela incompetência gerencial, seja pela burocracia jurídica, seja pela brecha dá lei ou por sua falência. E se em "sua terra" o estado não consegue efetivar ações de continência, imagine nas ruas, nas casas, nos espaços públicos.
Não são os corpos decapitados, nem a questão comparativa fria e calculista de quem tem mais ou menos valor, mas é a certeza de que estamos cada vez mais perto do caos, e pior, sob o aval daqueles que deveriam nos guardar.
Temo por este abismo, infinito. Quem comanda uma chacina no presídio, comanda um presídio. Quem comanda um presídio, comanda mais, bem mais... O descontrole do sistema prisional é só mais um... Dos diversos problemas que haveremos de engolir à força... Até que...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 10/03/2019
Reeditado em 16/05/2019
Código do texto: T6594516
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