O PITACO

Olá, meu nome é crítica mas pode me chamar de… Pitaco. Pitaco para os íntimos. Toda crítica embute em alguma proporção algo polêmico, edificante, irônico, moralizador e tantos outros adjetivos que direcionam o redator, escritor ou jornalista em suas crônicas, redações, resenhas ou pensamentos.

Tanto no presente quanto há milênios muitos foram os eventos decorrentes de críticas feitas a religiosos, autoridades ou grandes soberanos das mais diversas tendências. Cito um dos mais conhecidos: Jesus Cristo ou Jesus de Nazaré, figura central do cristianismo. Suas pregações foram marcadas por um tipo de crítica essencialmente pacificadora, focada no progresso espiritual da humanidade.

Todavia, apesar de seus ensinamentos terem sido capazes de motivar homens e mulheres, para certos soberanos nada mais eram do que críticas conspiratórias voltadas a conflagrar uma resignada população em seus domínios. Sentindo-se confrontado ante o exposto, o governador romano Pôncio Pilatos decidiu por ordenar a crucificação do nazareno.

Cerca de 2019 anos à frente desse tempo vemos o ditador norte-coreano Kim Jong-un deflagrando persistentes embates, metralhando críticas contra o presidente dos EUA Donald Trump, que não pestaneja em retrucar com novas saraivadas. Lembram daquelas crianças se desafiando: cuspa aqui se for homem!

São críticas trocadas por ambos, verdadeiras rinhas de galos que se não forem atenuadas resultarão em uma guerra de proporções inimagináveis.

Ao explorar nesta crônica o sentido da palavra crítica estou, instintivamente, oferecendo aos leitores uma nova crítica. Seria uma espécie de redundância?

Bem, o progresso do gênero humano no campo das ciências químicas, físicas e biológicas também evolui com base nela. Deficiências são identificadas e novos processos tecnológicos desenvolvidos, remetendo, apesar de certas contestações, a um aspecto positivo. Dale Carnegie, em seu best seller “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de 1936, demarca a inconsequência da crítica nos planos doméstico e profissional.

Atribui alternativas para se evitar crises resultantes dessa postura e manter sob controle boa parte das situações observadas. Um sem número de casamentos e sociedades desfeitos no mundo poderiam ter sido evitados se suas dicas fossem aplicadas. E de que forma? — não pondo diretamente o dedo na ferida —, contornando o problema, apontando soluções e assim harmonizando o todo.

É difícil mas não impossível. Eu indicaria uma certa dose de diplomacia.

Dito isso, e de modo conclusivo, temos que mexer nosso gordo traseiro, ativar os neurônios e buscar uma mudança definitiva de comportamento, com base em um providencial “setocômetro”. Assim evitaríamos essa coisa que dá título a este texto e que não repetirei o nome. Nada contra, muito pelo contrário. Só um leve… Pitaco!