Os Dias de Cão.

Há alguns anos os "dias de cão" eram mais escassos. Vinham num interstício de seis em seis meses, aproximadamente. De uma hora para outra um dia insano brotava lá em cima e me chamava pra pancada, como o de hoje. Outrora, nos tempos de Capital, os dias de cão eram resumidos em tensão, correria, metas, provas na faculdade e sobreviver ao chefe.

Hoje em dia os dias de cão surgem semanalmente, e te pegam num ponto fraco às 14:53 e te esbofeteia como um fantoche. São anímicos, angustiantes, solitários, perdidos, a velhice se aproximando, o descaso, amores perdidos, amores conseguidos, as dores de um vida se esvaindo como areia entre os dedos e simplesmente não se poder sequer fechar a mão para tentar agarrá-la. A areia não está mais lá. Toda loucura é uma válvula de escape. Antes escrevia para registros. Hoje, como o maldito Chinaski, escrevo para não morrer!

Depois que a vida me brindou com diversos problemas simultâneos, diversos contratempos e decepções, vi o quando aguento levar pancada! E somente este fato já me deixa mais resistente ainda! Sinto-me vivo e pulsante dentro de um mundo louco, cheio de pessoas perdidas e neuróticas, assassinos em potencial, delirantes de esquinas. As pessoas estão explodindo nas ruas em plena luz do dia. Daqui para me derrubar o monstro sistêmico terá que uivar feito um lobo faminto! Não desisto fácil! Eis a minha compleição! Sou um animal ferido e cansado, porém lutando sempre!

Não desistirei mesmo que houver apenas 0,1% de chance! Desistir jamais!

O difícil é saber quando se está no 0,1% de chance.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 12/03/2019
Código do texto: T6596247
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