COVARDIA SENTIMENTAL

Me encontrou por acaso em alguma rede social, gostou da minha foto de perfil e resolveu ver o que mais havia por trás dela. Enviou aquele convite, que ficou pendente alguns dias, até que por outro acaso resolvi aceitar.

Logo chegou a primeira mensagem, assunto típico de quem quer iniciar um diálogo e não sabe bem por onde. No princípio, era só mais um, quase não dei atenção. Mas o papo começou a ficar legal, interessante e fluiu de forma natural.

Todos os dias, ao despertar, já havia um “Bom dia!”, uma flor virtual, e ao longo do dia varias mensagens que faziam me sentir especial... e antes de adormecer era seu “Boa noite!” que eu lia e sonhava com o dia do nosso encontro.

Deveria ter me atentado aos sinais. Ah, os sinais... que nós carentes nunca conseguimos ver.

Os dias foram passando e as desculpas para não nos ver já não tinham nenhum sentido, então marcamos. Eu com borboletas no estomago, mil ilusões na cabeça fiz o primeiro movimento para que tudo acontecesse... e aconteceu!

Foi incrível, ele era só elogios, disse tudo o que eu queria ouvir. Sua voz era agradável aos meus ouvidos, seu toque suave, seu cheiro era bom e tomou conta de todos meus sentidos. Eu estava nas nuvens e me joguei de cabeça, pulei ao vazio, me entreguei por completo, foi lindo e prazeroso.

Mas... acabou. As horas passaram voando, e nosso tempo chegou ao fim. Nos despedimos e ele já não era o mesmo, senti algo de frieza no ar (os sinais, sempre presentes), mas eu já estava entregue ignorei pois queria que desse certo, esta vez.

No outro dia, ele esqueceu de mandar “Bom dia”, então eu mandei, ele visualizou e nem respondeu. Passaram-se dois dias e nada, nem um sinal, nem uma mensagem, então eu, com o coração já apertado, pergunto e aconteceu algo, adivinhe qual foi a resposta? É, ele disse que não estava acontecendo nada, que só estava muito “ocupado”.

Ah... o sonho acabou mais uma vez. Me calei, apaguei seu contato e me retirei da sua vida, silenciosamente. Ele nem percebeu, ou então agradeceu a sorte de não ter o trabalho de dizer que não queria nada, além de uma noite de sexo.

Covarde! Sim, covardia sumir do dia pra noite sem uma explicação. Covardia não ser sincero comigo, ser sincero e admitir que não gostou, que não quer se relacionar. Em vez disso deu todos os sinais que queria ficar.

Quer saber? Quem perdeu foi ele. Perdeu a chance, pois caso um dia lembrar de mim, vai descobrir que eu também sei ignorar, também vou agracia-lo com o ar da minha ausência e do meu desdém.

Geração de covardes sentimentais. Mas eu sigo aqui, esperando alguém que tenha coragem de amar e ser amado.

Dânks
Enviado por Dânks em 14/03/2019
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