U.P.A.A

A U.P.A.A é um caos só! Um vai e vem, um entra e sai, um anda e corre para todos os lados. Tudo lá geralmente está cheio: recepção, espera, corredores, lotados. A demora máxima é três horas, mas fique calmo, lá tem cura, tem remédio, tem choro, tem morte, sendo as duas últimas bem regulares. Se você não sabe onde levar, a U.P.A.A pode ser uma opção, funciona vinte quatro horas por dia e ainda é grátis. Água não vai faltar, quartos, por outro lado, talvez não acomode todos, estão escaços. Nada disso, porém, é culpa da U.P.A.A, ela trabalha muito com muito pouco. O dinheiro ultimamente anda curto e existem outras prioridades.

A instituição U.P.A.A nasceu depois de muitas revindicações, inúmeras discussões aconteceram até cederem locais onde ela foi implantada, isso foi recente. Resumindo mais ou menos a história: a briga começou porque alguns poucos conseguiam dar tratamento, gastando muito dinheiro, aos entes queridos salvando-os muitas vezes, já os outros, a grande maioria, restava observar e esperar os amados perecer. Foram conversas acaloradas cercando a seguinte questão: deveria ter saúde pública grátis, já que o cuidado com a vida é individual? Depois de muita luta os desprovidos financeiramente fizeram valer sua voz e foi criado o S.U.S.A , sendo a U.P.A.A uma de suas ramificações.

Me disseram que até os Estados Unidos, alguns anos atrás, desembarcaram no Brasil querendo estudar o S.U.S.A e a U.P.A.A. Na época, o presidente deles enxergou o pioneirismo do programa e estava disposto a implantar tais medidas na saúde norte-americana. Infelizmente a ideia dele ficou só no papel, seu mandato chegava ao final e impossibilitado de reeleição – estava no segundo mandato consecutivo – observou seu sucessor desdenhar com seus bons olhos essa preocupação toda com tais animais. “Isso é coisa de comunistas” - disse certa vez.

No Brasil, a U.P.A.A parece que voltará ao papel, o atual governo brasileiro também desdenha com seus bons olhos da sua função, acha um gasto totalmente desnecessário e inclusive lançara programas alternativos a U.P.A.A, redistribuindo suas funções. A primeira medida restruturadora acontecerá dias após sua posse: os antigos ministros da saúde foram todos demitidos e o ministério foi dado aos porcos, fiéis aliados com experiência dirigindo granjas e agora trajados de terno e gravata estão aptos a entrar na política. O pacote de medidas dos porcos permanece oculto, seu logo, porém, estampa alguns intervalos televisivos: “TODOS OS BICHOS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS SÃO MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS” e embaixo das letras garrafais “ministério da saúde, pátria amada Brasil”.

Será esse o fim do Sistema Único de Saúde Animal e das Unidades de Pronto Atendimento Animal?