Diário de Bordo (Chupa que a cana é doce.)

Diário de Bordo (chupa que a cana é doce.)

Quem me conhece mais intimamente sabe que um convite para comer um hambúrguer, ou um daqueles sorvetes aguados, ambos estilo McDonald's, está se arriscando (o anfitrião, ou anfitriã, claro) a escutar uma promoção gratuita de oratória vegana de mais de uma hora. Para mim, esse junk foods, de tão intratáveis, só perdem diante da minha ojeriza por churrasco regado a cerveja com seu séquito obrigatório de embriagados falando alto e trabalhando não se sabe de quê. Pelo menos eu, posso garantir que não entendo o porquê.

Pois bem. Está introdução recheada de anátemas contra os excessos da gula tem a ver com o meu amor pelo crudivorismo, é, na impossibilidade deste, por uma alimentação em que a frugalidade empunha a batuta.

Por falar em empunhar, acordei hoje cego nesta segunda-feira, dia dedicado à Astarte, a fértil deusa Lunar, determinado a colher um cacho de bananas no qual já vinha de olho há alguns dias. Para tanto, me paramentei de bainha e facão, é desci o caminho que me leva de onde estou acampado sob a guarida de minha quéchua, até a casa de taipa, passando pelo córrego Prateado, para derrubar a bananeira e colher o seu cacho.

Ao lado do bananal, misturado, tem uns pés de cana-de-açúcar pelos quais nunca demontrei muito interessem por não ver nos qualquer atrativo para colher um deles. Com o facão em punho, desfie alguns golpes e botei a bananeira abaixo, trazendo junto, no processo de derrubada, uns dois pés de cana-de-acucar.

Recolhi o cacho de bandas e me pus a proceder a limpeza da área, tendo obrigatoriamente de lidar cós as canas que eu afeteiResumo desse episódio de hoje: a cana estava tão doce e macia como o beijo recebido da namorada mais desejada, o que me fez passar o dia a chupar cana vorazmente, nos dentes, como eu fazia quando garoto

No entremeio dessa orgia dos sentidos gustativos, ainda me permiti trabalhar uma trilha com a enxada, pedalar na inseparável rockrider e me maravilhar com a tecnologia das lâmpadas solares que me garantem luz durante a noite aqui em Pasárgada.

Se eu já me sentia ufano com araçás, os cocos que tenho em profusão, e as generosas bananas, imaginem só a minha cara de felicidade ao descobrir essa delícia de cana.

Cair no Curtume e deixar o corpo secar ao vento é a cereja do bolo desta terra encantada que me regala com tanta abundância.

Sim, é verdadeiro: em Pasargada tem de um tudo!

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 26/03/2019
Código do texto: T6607826
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