Desculpe Lili, mas depois de nosso bate papo virtual não resisti: o crime do colarinho branco não compensa. Quando você (diga-se de passagem bacharel em história) afirmou que o crime do colarinho branco compensa fiquei decepcionada (como afirmei). Primeiro porque na minha concepção crime algum compensa e, segundo, porque você (mais do que eu) conhece a história do Brasil e sabe exatamente o "terror" imposto por essa corrupção sanguinolenta que embora não seja crime hediondo e que não tente diretamente contra a vida, indiretamente mata, sequestra, com requintes de crueldade.
Desde o tal descobrimento do Brasil vivemos uma imposição portuguesa marcada pelo tal nepotismo (isto mesmo, foi lá que começou essa mordaça). Embora exista uma legislação que procure manter distante esse apadrinhamento (Súmula vinculante) somos campeões em burlar a lei, por meio dos nossos representantes legais (legisladores) e cruzar, emaranhar, novelar e revelar uma nova concepção (interpretação) do que traz a letra da lei (somos sim, motivadores de correntes doutrinárias que nos beneficiam de algum modo, coisa de "jeitinho brasileiro"). Só que o tal nepotismo deveria ser também estendida aos não parentes, mas aos "favoritos" nas relações de escambo que os nossos irmãos índios inauguraram lá nos anos 500.
Quando você disse que o Brasil é o retrato falado da mão amiga que, por solidariedade, se estende a todos os âmbitos, inclusive, naqueles onde nos corrompemos dia a dia,  nos pequenos gestos e, que isso era cultural, uma distorção apoiada de falta de caratismo e que não tinha solução, surtei (e como fiz ao lhe responder) e abarrotada de desesperança, respirei fundo e concluí: era isso que temia. Aceitar que uma conduta ilícita "vulgarmente conhecida como crime do colarinho branco" é um mal necessário, é ser coparticipe de uma educação institucionalizada, mas radicalizada na impropriedade do objeto,
é negar conhecimento,
é rasgar a página oficial do artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil e à queima roupa, atirar no espaço da alienação;
é negar assistência médica (a quem não tem nenhuma outra forma que não seja a saúde pública) nos casos de doenças graves e controláveis e investimentos nas pesquisas para prevenção;
é sequestrar o direito ao acesso aos serviços de natureza essenciais;
é jogar pra escanteio a forme que ainda perdura (embora tenhamos saído do mapa mundial que a ONU divulgou);
não é aceitando essa realidade nua e crua que vamos mudar esse cenário tenebroso, macabro onde o capital, o poder e o status viraram condição sem a qual a sociedade não perdura.
Quem conhece a história dos partidos políticos no Brasil, vai entender do que estou falando. E a cada dia que surge a possibilidade (impossibilidade) de inserção de um novo partido no cenário político questiono diante do espelho: isto é bom ou ruim? Afinal, as tais designações serviram para que? Não eram os partidos separados por ideais? E aonde estão estes ideais agora em que todo mundo come no mesmo prato e na hora de lavar a louça ficam empurrando um para o outro e no fim o prato fica sujo e é descartado, comprando novos pratos, descartando outros, quebrando alguns.
O crime do colarinho branco só é compensatório para os "hobins hood's... que neste caso, também se desvirtuaram e não dividem com a classe mais baixa da pirâmide social, com os negros, com os homossexuais, com os doentes, com os deficientes, os vulneráveis de qualquer espécie (entre eles os irracionais e o meio ambiente).
E pra terminar essa ladainha, afirmo por A mais B que os crimes do colarinho branco são uma doença perniciosa cuja epidemia está visitando o Brasil e , lá no fundo, bem no fundo do poço, existem alguns "pesquisadores" que estão tentando "nadar contra a maré". Dá que o mar se revolta... Fé!

Lili, amigos, amigos, negócios à parte (rs). E viva a diversidade, a pluralidade e a liberdade como possibilidade de deixar aqui meu protesto.

Crime nenhum compensa quando existe vida na terra, quando se pensa em gente, mesmo que ainda insistam em personificar os direitos humanos... O resto é bobagem e não compensa... Porque a "ré- compensa" bate na minha porta e traz o engodo embutido na água, na luz, na tarifa do banco, na gasolina, no leitinho das crianças, no imposto de renda, no banheiro da rodoviária, afinal, impostos e impostores partem do mesmo radical...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 29/03/2019
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