Viver não é fácil

Chuvinha boa a que caiu nessa noite, aqui em Rio das Ostras. Arrefeceu o calorão, ensejou uma taça de vinho seco enquanto assistia a um filme e ainda embalou meu sono o barulhinho das muitas gotas batendo na janela. E agora pela manhã, deu pra sentir a alegria e o sorriso aberto da laranjeira da terra, samambaia, renda portuguêsa e outras plantas. Tempo agora está fechado, a chuva deu uma trégua e eu já terminei boa parte da labuta do dia. O que falta, deixo para amanhã. Casa arrumada, roupa dobrada e guardada, louça lavada e o ócio pedindo passagem. Sexta feira de manhã não é hora pra tocar violão, mas vou variar, estender a rede, pegar a viola e alimentar a preguiça e a alma. Nem vou contar aqui que já temperei um peixinho para o almoço, que é para não aguçar a inveja e nem o apetite de ninguém. Acordar cedo é bom, a manhã rende, faço as coisas sem pressa, que é para não cansar e ter condições para fazer o que realmente mais gosto. Cultivar a difícil arte de dar trabalho ao ócio.