A mania do apelido : arte que o brasileiro domina.

Quem é o precursor do apelido? Ou melhor, dizendo, de qual país se origina tal costume? .Bem, independentemente dessas indagações, uma verdade é de consensual entendimento: o brasileiro tem uma criatividade singular para criá-los. Com certeza são raros os simples mortais que escaparam de serem agraciados com essa expressão máxima de espontaneidade. E como se cada indivíduo de cada canto do país fosse um escrivão ou tabelião do que podemos considerar como " cartório informal" no qual o apelido de tão enraizado no cotidiano adquirisse a mesma importância do nome de batismo.

Basta um olhar mais minucioso da cabeça ao pé, direcionado a um colega de trabalho ou faculdade, ou de qualquer outro espaço de convívio social. Eis que surge de repente a alcunha sob medida a ser desferida alguém que terá dali por diante carrega consigo essa "lisonja".Implicitamente está forçado a aceitá-lo com resignação.Caso contrário, se a "vítima" manifesta o mísero ar insatisfação, ai que o tal apelido ganha mais envergadura, pujança, prolifera-se feito notícia ruim e agouro .

As pessoas carrancudas de semblante fechado são alvos prediletos do autor sempre ávido por detectar suposta falha, imperfeição física ou mesmo, algum traço típico que soe como defeito de comportamento (personalidade).Pois ao autor nada é mais prazeroso que popularizar o seu grande invento, arregimentando o maior contingente de seguidores possíveis a acolherem-no num engajamento impressionante a ponto de parecer serem eles os próprios "pais da obra".

Mas o que de fato instiga é a efemeridade da irreverência do autor: tente fazer-lhe vítima dessa arte o qual ele esbanja os seus dotes. Todo bom humor pulveriza-se ,uma vez que esse tem vida útil limitada.Inexiste qualquer reciprocidade entre criador e criatura: aquele que se autoproclama no direito de dar um apelido a outrem, quase sempre não se mostra tolerante em receber o gracejo de volta em sinal de retribuição.

Por capricho do destino aquele "chamamento intragável" é entoado, muitos casos, em circunstâncias impróprias.Vem a tona aquele - nome peculiar( exótico ou grotesco) -, a depender do estado de espírito de quem recebe o apelido.Este é proferido trazendo um constrangimento e vontade incomensurável de esganar o sujeito que faz questão nos relembrá-lo,justamente, quando estamos se socializando num novo grupo, que acaba descobrindo essa marca pessoal do passado.

Alguns encontram na alcunha um meio de se desvencilhar de um nome feio que seus pais lhe escolheram ou sobrenomes de duplo sentido aos estão sujeitos aos diversos trocadilhos infames.Ou seja, conseguem desviar-se o foco:As Jarilenes, Francesnildo, a Edvirgens , Cremildas, Jacinto Pinto, Vanuza do Rego, João Tomáz Turbante...

Ademais , podemos fazer menção os apelidos guardados com desvelo igual a bibelôs,pois há um cuidado especial do idealizador a fim de que não chegue ao conhecimento do destinatário Por decisão sumária, resolve deixá-lo numa redoma , existe apenas meros burburinhos aqui e acolá , sem que torne algo oficial. Quiçás por que entende-se que "zombar pelas costas" se mostre uma vingança perfeita contra o sujeito o qual se tem inimizade notória.Então as rusgas pessoais aguçam ainda a efervescência imaginária os autores.

Há de se convir que o apelido possa ser a senha ou "sinal de OK!" para o recém-chegado, o novato ter plena e efetiva inclusão num espaço social o qual terá convivência com as pessoas as quais lá frequentam.E cumprimento de um ritual indispensável a fim de ser recompensado com um " Seja bem-vindo!

Existem indivíduos que esquecem ou negligenciam a data de aniversário do filho ou bodas de casamento, esquece de quita a fatura da prestação vencida, porém... Não se abstém da recorrente mania de rotular, estereotipar alguém com esse tal apelido, que se sabe lá da onde se originou, mas já está arraigada no imaginário coletivo, o povo brazuca o adotou , seja para o bem ou mau.Tudo depende da percepção de um cada um. Afinal, tem gosto para tudo nessa vida.

E você, caro leitor, conhece algum ser vivente ainda invicto a esse "mimo" o qual a maioria recebem. Por favor, diga-me com toda sinceridade, aliás, por que não aproveita o ensejo, já que ninguém está a nos escuta: conte-me seu apelido, sem receio, eu lhe juro sigilo.Uma vez relevado o seu; também, excepcionalmente, em retribuição lhe conto o meu.

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 02/04/2019
Reeditado em 03/04/2019
Código do texto: T6613828
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