Uma viagem pra lá de boa
 
Olho no relógio, são exatamente seis horas, lá fora com toda intensidade caiam as águas, o frescor ocasionado pela chuva, fazia com que preguiçosamente eu continuasse na cama. No entanto a obrigação me chama, afinal de contas, o dia tão esperado chegou, durante um mês, programamos essa viagem para nossa querida Vale do Aço com o objetivo de rever os parentes e participar do casamento da prima.
Antes de dar sequência na viagem, eu iria passar em Nanuque para pegar o meu tio e sua família e juntos prosseguiríamos. Algo que me chamou muito a atenção, foi o fato que em Mucuri estava desabando uma enorme cachoeira, ao passo que em Nanuque o sol estava a todo vapor, sendo que apenas 100 quilômetros a separavam, aquela dualidade num espaço tão curto, era mais uma demonstração do encantamento da natureza.
A nossa intenção era viajar no outro dia de madrugada, então aproveitei aquele tempo que ainda me restava para alinhar, balancear e trocar o óleo do motor. Todavia um empecilho apareceu para atrapalhar nossa viagem, ficamos sabendo que em Governador Valadares, a BR 116 fora obstruída pelos índios que não deixava ninguém entrar ou sair da cidade. Tivemos uma informação que os índios iriam parar às 20 horas, mas que retornaria o bloqueio a partir das 6 horas do outro dia. Fazer o que né, afinal de contas eram eles os donos de tudo isso aqui. Diante dessa situação, tivemos que mudar a nossa programação, ao invés de sair de madrugada no outro dia, iríamos sair logo que os índios liberassem a estrada à noitinha.
Aprontamos nossas malas, banhou quem tinha que banhar, e precisamente às 20:30 horas, partimos rumo a nossa querida Vale do Aço. Além da minha presença, o tio Ed ia conduzindo o pretinho básico, a Baixinha, Cléria e sua filhinha, minha priminha Dudinha, que por sinal era muito inteligente e era ela que ditaria o ritmo da viagem.  Quando a prima queria urinar e comer, a gente parava para esticar os ossos e aproveitávamos para dar umas boas gargalhadas.
Duas situações iriam ajudar para dar um colorido todo especial nessa jornada. A primeira era que pelo fato do tio, no dia anterior ter dormido apenas 3 horas, ficamos com um certo receio dele dormir na direção, para evitar essa tragédia, ficamos a viagem toda de olho nele, de forma que se alguém cochilasse, sempre teria um acordado com a missão de mandar para bem longe o senhor Morfheus. Ciente de que a turma estava temerosa, foi a vez do motorista aprontar, num dado momento da viagem, ele fez uma ultrapassagem e permaneceu na pista contrária, em uníssono eu e a Cléria gritamos ao mesmo tempo, Edmilson acorda, volta para sua mão. No entanto ele conscientemente e sabedor que a pista contrária estava vazia permaneceu na contramão, até que depois voltou para a sua mão. Estávamos pensando que ele tinha dormido na direção, tamanho foi esse susto que quase o meu coração saia pela boca. Passado esse aperto desabamos de tanto rir dentro daquele carro.
O outro fato foi que durante o almoço, eu deva ter comido algo que colaboraria para a produção de flatos no meu intestino, e foi justamente na hora que estávamos viajando, que as terríveis criaturas queriam sair, mas como eu iria fazer essa maldade com aquelas pessoas que estavam viajando comigo pela primeira vez. Toda hora que essas terríveis criaturas chegavam no dito cujo, eu dizia: voltam danadinhos que ainda não é hora de sair, eles davam meia volta e iam embora e naquele momento eu ficava aliviado.
Numa certa altura da viagem, minha priminha querida deu vontade de fazer xixi, parece até que ela estava adivinhando, foi só o tempo de sairmos do carro, e a metralhadora disparou: tá tá tá tá tá tá tá, ufa ainda bem que fiquei livre da terrível flatulência. Mais uma vez isso foi motivo de tamanha gargalhada, não houve uma viva alma que não se rendesse em face de tamanho feito.
Faltando 60 quilômetros para chegar, meu tio resolveu descansar, peguei a direção e 3 horas da madrugada chegamos na casa da minha mãe e os cachorros ficaram responsáveis por acordar toda a vizinhança, rs. E assim terminou nossa aventura.
 
 
 

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 05/04/2019
Reeditado em 05/04/2019
Código do texto: T6616341
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