Rubem Alves não morreu

Um dos maiores escritores brasileiros por quem tenho um apreço e uma admiração inexplicável é o saudoso Rubem Alves. A sua obra é de valor inestimável. Um poeta que enxergava sonhos no meio do pesadelo e transformava a dor em obra de renascimento do caos. Foi e sempre será minha inspiração pra escrita.
Hoje, de modo especial senti saudade das letras que compunham a sua história, como teólogo, psicanalista, escritor e educador que fazia da escrita um lance fácil, parecia que tinha um bola de cristal, afinal sua inspiração era precisa:
"Não. Não escrevo o que sou. Escrevo o que não sou. Sou pedra. Escrevo pássaro. Sou tristeza. Escrevo alegria. A poesia é sempre o reverso das coisas. Não se trata de mentira. É que nós somos corpos dilacerados – “oh, pedaço arrancado de mim!”
O corpo é o lugar onde moram as coisas amadas que nos foram tomadas, presença de ausências, daí a saudade, que é quando o corpo não está onde está… O poeta escreve para invocar essa coisa ausente. Toda poesia é um ato de feitiçaria cujo objetivo é tornar presente e real aquilo que está ausente e não tem realidade."

Então resgatei uma homenagem que fiz quando de sua morte em 2014, que divido:

Em meio às palavras, surge imperioso o silêncio deixando seu tom de luto. Fecha-se a porta do romance cotidiano, mas abre-se a janela da identidade preservada. E se a pérola era o resultado de uma ostra infeliz, isso tudo era preciso... A fotografia revelada em frases simples da visão de um mestre que escrevia rindo deixa o status preenchido com flores coloridas, diferentes e ricas. As palavras reunidas em seu legado, o trarão de volta de tempo em tempo e não se esconderão. Não mais colheremos flores novas em seu jardim florido, mas jamais deixaremos morrer as que ele plantou.
Rubem Alves, assustado, acenou dizendo que volta e numa pequena revolta, viravolta, escorreu uma lágrima. Encontrá-lo na vida, não deu... Encontrá-lo nas letras, palavras, livros e na dor dessa despedida. Vê-lo em cada rosto que expressa a educação libertadora e a simplicidade. Vê-lo na bondade. Vê-lo até o segundo sol chegar (se é que ele existe)... Esperar é uma obra viva de pura emoção. O encontro é uma crônica. E se não é, há de ser. Até breve.

Essa saudade não é feminina em vão! Rubem Alves não morreu, ao contrário, vive muito mais na nossa história, escrita com uma pena de honra, pois o homem era um marco!
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 07/04/2019
Código do texto: T6617782
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