Sinto-me embrulhado. E o problema maior é que não me sinto um presente. Por não ter na verdade um invólucro lindo e enfeitado. Quem me embrulha é o medo. Às vezes tenho a sensação de que sou uma espécie de tempero, um sal, cuja pitadinha incrementa um delicioso prato. Noutras vezes sinto que sou um sensor codificado, uma medida de segurança, demonstrando que algumas coisa está errada, ou, ainda, que pode ficar.

Não gosto quando fazem uso de mim em excesso. E nem gosto daqueles que alimentam a minha ausência, tomando uma taça de vinho.
Não sou imperceptível. Sinto que existo sempre a partir de um encontro. Sou a dor da alma que chora querendo atenção, mas sou também a inferioridade querendo demonstrar que tenho mérito. Não sou considerado uma patologia só pela minha existência em si. Por isso não gosto destes julgamentos que fazem de mim. Sem ao menos me conhecer.

Se a sinalização não é clara, acabo virando um jogo para testar o tempo inteiro à proposta da qual faço parte; Uma estrada sem sinalização tem grandes riscos de acidentes. Quando tomo um ser avassaladoramente, claro, com a permissão dele, cerceio os passos e acabo com a liberdade daquele que faz parte do laço, assumo minha parcela de culpa, mas neste momento, torno-me patologia.

Mas não influencio sempre para o mal. Pensa que fico feliz em sufocar alguém. Tornar-me um criminoso, ou pior, tornar-me um juiz antecipado de um crime que não cometido? Acomodo-me bem em alguns. Noutros não.

Porque causo choques emocionais? Sei que gero um sofrimento tamanho, um stress exagerado, mas para quem não consegue lidar com a minha presença.

Sou necessário, mas agindo como um cão de guarda, se estiver tudo bem, não ataco. Neste aspecto, sou normal. Ressalto que vivo em humanos, e estes são limitados. Talvez tenha excessos em momentos inoportunos, sei bem disso. Mas não faz parte de minha índole.

Sou comportamento e fico me alimentando de comparações. No relacionamento entre namorados, entre pais e filhos, entre amigos. Sou o Ciúme. Falei de mim. Era preciso.

Mas queria aproveitar este momento para homenagear àqueles, dos quais, sou parasita. Sei da dor de cada um deles por causa da minha existência. E se pudessem, tenho certeza, me externariam. Mas a maioria não consegue. Sou vício. Trafego nas veias sanguíneas e na mente.

Mas tentem me usar para o bem. Tenho um lado positivo que protege o amor, ou quem se ama; mas tenho também o lado negativo, prejudico o amor. Por favor, usem e abusem de mim, para o bem. Deixe-me apimentar a sua relação. Vai ver como posso fazê-la ficar mais interessante. Poxa! Dependo de você. Ajude-me. Mereço um lugarzinho ao sol... Sou um estímulo... Permite-me uma demonstração grátis?
Eu sou um cuidado. Tenho uma chance com você?
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 12/04/2019
Reeditado em 12/04/2019
Código do texto: T6621602
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