PESCAR: ILUSÕES OU REALIDADE?

Hoje pela manhã, quando passava a pé próximo à lagoa da Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, observando atentamente como que diante de tantos recursos financeiros públicos destinados a restauração daquela que já foi o cartão postal de Belo Horizonte, ainda continua esplendida de imundícies com todos os tipos de poluição.

Perante todo aquele quadro catastrófico de poluição, ainda se vê a luta incansável da Mãe natureza. A diversidade de pássaros ali presente é incrível. O que se pode assustar, digo surpreender é que se vê também capivaras, não poucas. Até jacaré existe naquele local meu Deus! Isso foi presenciado por mim.

Presenciei também um pescador. Como se fosse num filme em que o astronauta se preparasse para uma grande missão à lua ou mesmo a marte. Assim era aquele Senhor que estava debaixo de uma agradável sombra, arrumando seus apetrechos de pescaria. Fazia tudo com um incrível cuidado. Logo em seguida se sentou à beira daquela enorme lagoa, divagando seu olhar para a sobrepujança da água, embora imunda, não perdia a beleza e o encantamento.

Permaneci onde estava por uns minutos, imaginando as condições sociais daquele Senhor, sem me prender efetivamente pela sua misera aparência. Em primeiro aspecto, como uma pessoa ainda pode se aventurar a uma pescaria naquela contraditória lagoa – poluída e capaz de ser arcabouço de tantas diversidades de seres vivos? Uma das fortes hipóteses é que por ser um ponto próximo de vários bairros, não necessitaria de gastar para uma daquelas deliciosas aventuras.

Pois bem, divagando um pouco mais, chegando a conclusão de que aquele Senhor seria o angustioso retrato da classe baixa que se delicia de tantas angustias com as discrepâncias avultantes da realidade sócio-econômica do País. Realidade que se torna cada vez mais áspera para fazer valer os princípios básicos da Cidadania. Falta emprego, sobram pessoas nas filas de Hospitais públicos, há uma invasão constante em nossos lares de notícias e mais notícias de corrupção, redundando no caótico quadro já dito. Embora mal dito, é a realidade, ainda que queiramos fechar os olhos. Seria uma saída a pesca? Ainda que fosse num rio claro e transparente, em que se poderia enxergar o peixe?

A questão definitivamente não é essa! Pescar não pode ser a solução para a nossa inquietude! Temos sim que pescar novas alternativas de mudar esse nosso quadro tão pervertido sócio-econômico. Queiramos crer ou não, infelizmente, a saída é a política. Então, necessariamente tem que haver uma revolução nas mentes das pessoas que assim não pensam, para impingir melhores resultados nas próximas eleições, redundando em melhorias para todos nós, cidadãos brasileiros. Acaso é vindouro viver com sobras de tudo e ao nosso lado, conviver outros seres humanos na imensa e fecunda miséria?

Acredito também que além da política, nós, cidadãos conscientes de nossos deveres e direitos, temos por obrigação sair dos casulos que tanta inação tem provocado e, invariavelmente, produzindo um campo fértil para os inescrupulosos empresários, políticos e pessoas que querem aproveitar da mansidão do povo brasileiro.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 21/09/2007
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