A Crônica das Moscas

Estava eu abandonado, na tardinha, almoçando e sem ninguém atender o celular, quando vi passar por cima do meu prato uma mosca que mais parecia um transformer. Na verdade, o tamanho ampliado, era porquê havia duas moscas grudadas uma na outra. Isso mesmo que você não pensou. As danadinhas estavam se acasalando na minha frente, sem pudor algum. Eu, estupefato, logo desviei meu olhar, a fim de preservar minha inocência, meu psicológico e também não constrangê-las. Apesar que, elas não pareciam se importar, haja visto que passavam diante dos meus olhos a todo momento, me permitindo concluir que ali existia um fetiche por sexo em público.

"Tá, Leonardo! Agora você me preocupou! Que tal uma terapia? Um rivotril? Um óleo de peroba pra você passar nessa sua cara?"

Vocês julgam muito! (Percebam que na frase anterior eu julguei qual seria o pensamento de vocês, logo eu também julgo muito, logo minha hipocrisia saúda a sua hipocrisia). A questão aqui não é a prática sexual da mosca, mas sim o fato de que nascerá em breve vários bebês mosquinhas (lindas larvinhas). Brincadeira. Enfim. Sem mais digressões, meu objetivo é falar sobre o paradoxo da vida e a morte.

A mosca vive em ambientes sujos e despeja suas larvas em lugares com muitos nutrientes, como em corpos em decomposição, sujeira ou comida. Portanto, a mosca nasce e se desenvolve em meio a morte, isto é, sua vida gira em torno da morte e da sujeira. Hoje ouso a escrever que muitos atualmente estão levando uma vida de mosca.

Muitas pessoas hoje em dia, infelizmente, estão deixando de viver suas vidas, pois estão aprisionadas a um passado morto, a um relacionamento tóxico, a um projeto fracassado ou a um sonho frustrado. Além disso, não estão se nutrindo de forma saudável, estão se alimentando de coisas negativas, ilusões e falsas esperanças. Mas por favor, não faça isso com você! A vida, mesmo turbulenta, é linda e você merece vivê-la. Se algo não deu certo ou não está dando certo, questione se é melhor insistir, caso sua resposta seja não, esqueça aquilo e bola pra frente.

A vida de fato é um mar de rosas: assim como há beleza, há também muitos espinhos. Não se culpe pelo natural. É normal passarmos por muitas situações dolorosas ao longo da nossa caminhada, mas se nos acomodarmos aos espinhos, ficaremos presos e sufocados. Por isso é importante a gente se libertar e seguir em busca da beleza. Por exemplo: não é egoísmo você se amar e se importar com você mesmo, muito pelo contrário, se alimentar de amor próprio e de coisas positivas é fundamental para crescer na vida. A gente não deve ser refém daquilo que não nos acrescenta em nada. Devemos nos permitir voar para o alto, afinal a gravidade já está fazendo o trabalho de nos jogar para baixo.

Sabe?! Eu concordo que o mundo em que vivemos é repleto de variados tipos de sujeiras, mas acredito que ficar moscando não ajuda em nada. A gente se reerguendo e tentando degustar a vida com mais gratidão, amor e alegria (sei que é difícil, mas tentar é 0800), acredito que as moscas vão embora e que nossa alma ficará mais lavada e com cheirinho de lavanda.

Leonardo Salomon
Enviado por Leonardo Salomon em 15/04/2019
Código do texto: T6623772
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