BRINCANDO DE GOVERNAR...

 

Já faz algum tempo que Jô Formigon sumiu do convívio social e político real em que deveria estar atuando e foi se refugiar em algum lugar supostamente mais seguro, e tentará governar sozinho a partir desse lugar, longe do assédio diário da mídia jornalística, televisa e por extensão da mídia virtual que tanto o atormentava antes de fugir.
Por precaução e com medo de ser traído pelo hábito, deixou seu smartfone, seu tablet e seu notebook desligados no aconchego do seu lar, aos cuidados do seu filho mais moço, entendendo, assim, que sem tê-los a sua disposição no seu dia-a-dia, decerto não seria importunado por pessoas curiosas e insensatas em nenhum momento.
O que Jô Formigon ainda não sabe é que seu filho está usando e abusando do perfil dele na internet para dar recados, os mais contraditórios possíveis, para as pessoas que querem saber de notícias do seu líder político e esses fatos têm espalhado notícias falsas, com certa frequência, por toda a comunidade 
Ali, sem nenhuma parcimônia, seu pimpolho tem se passado pelo homem do povo atuante que seu pai não o tem sido nos últimos tempos e quando o velho decidir retornar, com certeza, terá dificuldades para dar algumas explicações para aqueles munícipes mais exigentes.
O garoto parece estar gostando da “brincadeira” de governar o pequeno município conhecido pelo nome carinhoso de Cafundós de Judas e, como se tudo isso não bastasse, ele tem “se enturmado” com alguns garotos de sua idade para agirem em conjunto na tomada das decisões municipais e, na velocidade em que os fatos estão acontecendo, esse grupo “mirim” poderá assumir de vez o lugar do governante ausente, qualquer dia desses.
Os cafundoenses mais desconfiados estão ficando com a pulga atrás da orelha com essa ausência repentina do Jô Formigon. Muitos têm ido procurá-lo, pelo menos uma vez por semana, no seu endereço residencial, sem êxito. Os familiares dele têm sempre alegado não saber onde ele estaria naquele momento.
Outros, mais prudentes, desconfiam que ele esteja refugiado numa fazenda de propriedade de um velho amigo dele, antes usada para empregar temporariamente e doutrinar correligionários indecisos. Outros acham que o vice-prefeito está torcendo para ele voltar logo, caso contrário ele terá de assumir os problemas municipais mais prementes, sozinho.

- Seja lá o que for, mas essa fuga desnecessária do neopolítico Jô Formigon terá de ser desvendada antes que a mobilização popular cafundoense, que está se organizando a cada dia que passa, se torne sem controle - disse o pároco local.
- Precisamos localizar o nosso líder Jô Formigon antes que algum forasteiro assuma o lugar dele lá na prefeitura -  murmurou  - preocupado - um morador local.
Os vereadores mais prudentes descartam declarar a vacância do cargo executivo sem antes esgotar todos os meios de buscas possíveis e imagináveis e tentam localizar o esconderijo do seu líder fugitivo a qualquer preço, ainda que para isso tenham de gastar os últimos trocados existentes nos cofres da prefeitura.