O MAGO (parte I)

Como o mágico, que diverte a plateia enquanto prepara seu número,

o Capitão distrai a nação enquanto fortalece seu narcisismo.

Claudio Chaves

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Como criança birrenta, que testa até onde os pais tolerarão seus caprichos, o Capitão, enquanto finge está confuso, vai fazendo pequenos testes de centralização de poder e fortalecimento do culto ao líder (vai criando um personalismo nacional) com a população, para ver até onde ela está disposta e preparada para apoiar seu delírio de comandante máximo: o Führer.

Age como criança q sempre brincou com lata de sardinha; e ganha seu primeiro carrinho de plástico (os pobres com mais de 40 anos entenderão).

O presidente é narcisista e está cercado de um bando de deslumbrados e delirantes, que acham que estão no mundo encantado de Alice no País das Maravilhas e encontraram a pedra filosofal (acabar com o viés ideológico).

Manter como principal ato de governo o constrangimento e a desqualificação de quem julga seus inimigos – como durante uma campanha eleitoral (que já não é moralmente recomendável) –, às vezes, funciona, mas sempre custa muito caro e, no fim, a conta é dividida com todos. A Alemanha (e por que não dizer o mundo?) que o diga.

Um governo decente não tem inimigos, sequer adversários; no máximo, tem fiscais mais exigentes, que são os opositores, aqueles que, muitas vezes, o impede de fazer as maiores asneiras.

A principal função de seus auxiliares (de dentro e de fora do Governo) é criar cortinas de fumaça pra entreter a plateia, enquanto o ilusionista vai construindo seu número principal: no caso em lide, espantar os fantasmas de suas frustrações juvenis e da vida adulta (prováveis zombarias por ser filho de imigrantes, a detenção do pai pelo regime militar, divórcio, e a principal delas: o fracasso e a aposentadoria precoce como soldado da pátria amada – um vazio que busca preencher a qualquer custo).

A constante bajulação (ou suposta) às Forças Armadas – em particular, ao Exército – nada mais é do que: 1) uma tentativa de remissão, um pedido de perdão pelas patacoadas e declarações toscas feitas a respeito da instituição que o acolheu mesmo sem mostrar competência e equilíbrio pra fazer parte dela; e 2) construir um bunker – um escudo em volta de si. Ele é tosco e frustrado, mas não é burro: sabe que desagradar os homens de coturnos pretos e botões dourados é dizer adeus ao seu trono e sacrificar, pra sempre, seu sonho infantil de ser o comandante em chefe, o reizinho bruto, desastrado e mal humorado, mas poderoso e, ao mesmo tempo, temido e amado – o sonho de qualquer mente perturbada.

Não deveria soar como arrogância ou agouro sugerir a sua plateia q seja menos empolgada e mais vigilante. Mesmo lendas do ilusionismo costumam ter seus truques, um dia, revelados – encontrar um “Mr. M” pelo caminho é sempre o risco que corre todo mágico.

#SegueAMarcha!