As Flores

Gosto de flores, mas nunca as levo para casa.

Gosto de ter de ir até elas, de me deixar ir... O perfume de uma rosa, por exemplo, é diferente quando à posta em cativeiro, falta-lhe a natureza para lhe evocar todo o esplendor. Dito isto, imagino que, talvez um dia, alguém as leve até minha jazida, ou num ato desesperado, alguns de meu tantos amigos, ou até mesmo meu querido algoz, decida por enterrar secretamente meus restos mortais no meio daquela clareira cheia de juncos, de pedras, de rosas... e de mim.