Episódio 18 - Minha vida em Brasília:
No ínicio da manhã, ao chegar à Vila deparei-me com um movimento grande de caminhões, carregamentos, marteladas, um amontoado de tábuas no meio da poeira, gente correndo por todos os lados. A Escola, embora ainda estivesse de pé, estava com as aulas suspensas e alunos e professores iam sendo avisados: "Vocês vão para a Escola 1 da Ceilândia". "Ceilândia?", perguntamos. "Sim, é a nova cidade. Fica depois de Taguatinga". "Como é que a gente chega lá?" " Alguns ônibus da linha Taguatinga Norte, vão seguir até lá. Eles vão parar ao lado de uma Caixa D'água grande. Aí vocês descem e procuram. A Escola é perto dali", esclareceu a Diretora .Na Segunda-feira seguinte, fui trabalhar. O ônibus, que tinha como ponto final o Mercado Norte, virou à esquerda e seguiu por uma estrada recém-aberta, sem asfalto. Pouco se enxergava, porque o movimento de ir e vir , consequentemente a poeira, eram intensos. Lá no alto, a referida Caixa D"Água., com capacidade para milhares de litros, e um descampado enorme, máquinas abrindo ruas, ventania com poeira que cobria tudo. Era a nova cidade, sendo construída. O motorista avisou: " Ponto Final". Desci. Desceram mais duas pessoas. Um redomoinho nos alcançou. Os grãos de areia misturados com pedregulho cortavam a pele. Ardia! "Vocês sabem para qual lado fica a Escola?", perguntei. "Acho que é à direita", respondeu o rapaz. Foram em frente . Caminhei uns 100 metros à direita e a enxerguei, construída em alvenaria, da mesma cor da terra, novinha...


Foto Ilustração: Essa Caiaxa d'Água foi tombada em 2013. "Para a comunidade local, a caixa d'água representa a luta dos moradores transferidos para a nova cidade onde faltava tudo, inclusive rede de esgoto", (Reportagem do Correio Brasiliense, de 21/11/2013). 
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 30/04/2019
Reeditado em 02/05/2019
Código do texto: T6636213
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