- Acalmem os ânimos, acalmem os ânimos. Compreendo a euforia de vocês por causa das festividades. Mas é preciso cautela para não correr o risco de atrapalhar o cenário. Temos pouco tempo. Já foram recrutar o artista para a "apoteose divina".

Lá estavam eles com suas auréolas esvoaçantes e seus dons de prontidão, um pouco congestionado por causa da quantidade de operários trabalhando naquela obra.

Nas "andanças" pra lá e pra cá, daqueles que montavam o palco estavam também a esperança de serem escolhidos para ocuparem as primeiras cadeiras da apresentação única. Ingressos esgotados no primeiro dia para essa "orquestração musical".

"O meu coração hoje tem paz, decepçâo ficou pra trás" cantarolava Gabriel colocando as fotografias impressas em 3 D na parede do grande salão. Por trás do palco, um desenho de um cartunista brasileiro era o papel de fundo.

Já Rafael, responsável pelos equipamentos de som, não muio bom em música, rasgava: "Eu só peço a Deus, que a dr não me seja indiferente, que a morte não em encontre um dia, solitário, sem ter feito o que eu queria."

Miguel preparava a apresentação a ser exibida no telão celestial. O filme trazia uma pequena bailarina de coque ajeitado com gliter (como se soubesse que iria brilhar)  que ganhara um violão do avô. Apaionou-se pela música de tal modo que acabou virando uma professorra, lecionando em divers escolas. O pai, advogado conhecido na cidade, não gostva muito da ideia inicial: - Música? Mas depois foi se rendendo.

- Miguel, desligue isso. O apressado come cru. Disse Santo Agostinho. Não percebeu que uma surpresa esse flashback?

Cartola, convidado para diviir o palco com a atração principal, estava na primera fila. Com a letra de um mundo é um moinho na mão, esperava os instrumentos serem trazidos para o palco,

Pixinguinha chegou com seu inseparável saxofone já dizendo que “deixa a vida me levar” era a música que abriria o show.

Noel Rosa estava mais preocupado "Com que roupa" devia usar para a apresentação, trouxe um marrom, mas foi alertado por Adoniram Barbos, que veio no "trem das onze" que “marrom bombom” era outra, que havia um erro de configuração.

Bezerra da Siva, Ataulfo Alves,Agepê e outros entraram trazendo a viola, o pandeiro, o chocalho, o atabaque, o reco-reco e o berimbau.

Ivone Lara, veio correndo com o ganzá e o agogô, deixados pra trás pelos meninos.

Palco terminado, luzes acesas com foco no centro e lá vem ela com seu brilho singular, cantar seus sambas num novo cenário.
Mas antes, numa invasão programada pela super produção, como surpresa, aparece Clementina de Jesus cantando:
"Bem vindo amor, a casa é sua. Faça de conta que jamais saiu, eu sou o mesmo, e a vida continua, nada mudou..."

E depois de Apesar de você, arco-íris, Deus não castiga ninguém e Nossa Pátria Mãe Gentil, no telão aparece um coro de brasileiros cantando a sua última homenagem, antes da despedida:

"Chora, chora. A comunidade chora, A comunidade chora. A comunidade chora porque a vela apagou. Porque o samba acabou."

E BETH CARVALHO, embora radiante, chorou pela última vez, na sua despedida, sendo acalentada por Belchior que no mesmo dia 30, há dois anos, fez sua última viagem.



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Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 01/05/2019
Reeditado em 01/05/2019
Código do texto: T6636427
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