A REPÚBLICA DA CONTRADIÇÃO
Ora digo uma coisa. Depois digo outra.
Agora é sim! Depois é não!
Eu digo o que não digo e não digo o que digo!
Ora é claro. Depois escuro.
Ora é dia. Depois noite!
Eu digo assim e em seguida desdigo o que havia dito!
Nessa brincadeira de dizer e desdizer, vive a república um tempo de incertezas e incoerências…
No entanto, se pensarmos bem, a certeza mesmo é a contradição!
Como se um jogo fosse. De incoerência em incoerência desfaz-se um fato aqui e outro ali, cria-se a própria oposição!
De bizarrices ditas a cada semana, coloca-se uma névoa, uma barroca maquiagem na triste situação!
A grande verdade é que a incoerência é a maior coerência da república!
E no desdizer diário na Terra Brasilis, as coisas que importam vão sendo engavetadas, empacotadas.
No mesmo ritmo, mas no sentido contrário e disfarçadas pelo contraditório, as coisas ruins vão sendo costuradas, engendradas e definidas.
Dessa forma, enquanto perdemos tempo na turba da indignação, um novo desenho de país vem sendo feito, aos poucos, aos bocados, à espreita…
Até que, de repente, não mais que de repente, estaremos em outra terra, em outro tempo e nem nos daremos conta de como tudo aconteceu ou começou…