ALMA GÊMEA

Tem gente que passa a vida toda procurando a tal cara-metade, a tal criatura que vai atender todas suas expectativas, aquela feita sob medida pra ficar junto.

Vai usando a técnica da tentativa e erro pra vasculhar mundo afora por todo canto.

Vez por outra aparece alguém cujos indícios preliminares apontam: é essa!

Coração dispara, pupilas dilatam, suor frio escorre pela testa diante da possível grande descoberta.

Que nada.

Logo seus defeitos começam a dar as caras; o cabelo bem que podia ser mais cumprido, essa voz, sei lá..., anda de um jeito meio esquisito, é do signo de Virgem e não combina com o meu, não gosta da Beth Carvalho, conhece pouco de Freud, não bota a mão na frente quando boceja...

Sempre aparece algo para desclassificá-la e reiniciar a busca, que nunca chegará ao´fim.

Já tem outra gente que, pasme!, encontra!

Sorte? Milagre? Capricho do destino? Nada disso.

Qualquer pessoa, de sexo igual ou diferente, poderá ser a nossa alma 100% gêmea

Não importa a idade, cor da pele, crenças, cursos que fez, no que trabalhou ou o que pensa das coisas do mundo.

Basta baixarmos a nossa bola, diminuirmos a expectativa e cortamos da "lista de exigências" inicial certos itens que, de fato, inviabilizariam a busca bem sucedida.

Basta relevarmos diante das suas manias, gostos adversos aos nossos e modo de pensar que fique quilômetros de distância.

Esse esforço é difícil no começo, já que vamos lidar com frustrações a toda hora.

Vai doer fundo na alma.

Mas, com o passar do tempo, as coisas vão assentando e num belo dia reconhecemos que podemos parar a busca, pois objetivo foi alcançado. Viva!!!

Hoje, aos 61 anos, tenho uma alma gêmea univitelina dormindo comigo na mesma cama todas as noites.

Será ao lado dela que caminharei até meus últimos passos.

A não ser que pense diferente e decida, nessa altura da vida, ir atrás de outro alguém, aquela cara-metade tão desejada e nunca encontrada.

Diante desse cenário, só me restará a companhia dos pensamentos e das lembranças, fieis companheiros que não me abandonarão jamais.

Nem que a vaca tussa, espirre e dê uma cambalhota.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/05/2019
Reeditado em 02/05/2019
Código do texto: T6637150
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